Crítica - Fright Night (2011)


Realizado por Craig Gillespie
Com Anton Yelchin, Colin Farrell, David Tennant, Toni Collette, Imogen Poots

Numa altura em que os filmes de vampiros e os remakes estão na ordem do dia, o remake de “Fright Night” (um clássico do cinema fantástico dos anos 80) surge quase como que uma obrigação para a indústria cinematográfica de Hollywood. Com um elenco relativamente de luxo e a promessa de uma comédia de horror ao bom estilo dos clássicos de Sam Raimi, esperava-se que esta reinvenção da obra de Tom Holland fosse minimamente competente, captando a paixão do espectador com uns bons sustos e umas quantas gargalhadas. O problema é que, ao passo que o filme original cumpria aquilo que prometia, este remake de Craig Gillespie apenas desilude de uma forma gritante, deixando a audiência verdadeiramente indiferente perante aquilo que se vai passando no ecrã. É certo que, a espaços, a audiência ainda solta algumas gargalhadas oriundas de momentos cómicos razoavelmente bem conseguidos. Mas fora isso, não há aqui praticamente mais nada de positivo que possamos apontar, relegando este novo “Fright Night” para a lista dos remakes que jamais deviam ter visto a luz do dia.



A narrativa permite-nos acompanhar as desventuras de Charley Brewster (Anton Yelchin à procura da afirmação enquanto actor), um rapaz vulgar que só quer deixar os passatempos geeks da infância para trás das costas e tirar o máximo partido da relação amorosa que iniciou com Amy (Imogen Poots), uma das maiores beldades do liceu a que ambos pertencem. Entre a descoberta de um novo estatuto de cool guy do liceu e flirts constantes com a vizinha stripper, Charley vive uma existência perfeitamente normal. Até ao dia em que Jerry (Colin Farrell em sub-rendimento) se muda para a casa ao lado. Por essa altura, estranhos desaparecimentos começam a atormentar a população da pequena vila norte-americana, desaparecimentos que passam ao lado dos olhos de Charley. Ed (Christopher Mintz-Plasse) – antigo melhor amigo de Charley – tenta avisar este último de que Jerry é um vampiro. Mas demasiado ocupado para dar ouvidos ao ex-amigalhaço, Charley convence-se de que ele está louco e não lhe liga nenhum. Mais uma vez, até ao dia em que o próprio Ed desaparece também sem deixar rasto. A partir daí, e face ao comportamento deveras estranho exibido por Jerry, Charley decide verificar se o amigo tinha ou não razão. E quando descobre que sim, em puro estado de desespero, decide recorrer aos préstimos de Peter Vincent (hilariante David Tennant), um mágico caçador de vampiros que pode não ser exactamente aquilo que aparenta…



As distribuidoras nacionais decidiram catalogar “Fright Night” como um filme de terror, como se a presença de vampiros bastasse para que uma obra fosse quase automaticamente inserida nesse peculiar género cinematográfico. Como se o filme de Craig Gillespie não desse já bastantes tiros nos próprios pés, esta informação errada ao consumidor ajuda a que ele se enterre ainda mais. Pois se aqueles que forem para a sala de cinema à espera de uma comédia já vão (muito provavelmente) ficar desapontados, imaginem aqueles que para lá vão a pensar que estão prestes a ver algo muito assustador… “Fright Night” foi idealizado como uma comédia de horror. Apesar de alguns (poucos) sustos, não pensem que vão ver um “Bram Stoker’s Dracula” ou um “The Evil Dead”. Pois isto está mais próximo de um “Vampires Suck” do que de outra coisa qualquer. O argumento é, numa palavra, desastroso. A realização de Gillespie usa e abusa dos CGI, não conseguindo criar uma verdadeira relação de empatia entre as personagens e o espectador. E as interpretações são, na melhor das hipóteses, sofríveis, com Anton Yelchin a desperdiçar os seus talentos na busca desenfreada por um papel principal, Colin Farrell a interpretar um vampiro que de assustador não tem quase nada e Toni Collette a representar um papel que podia ser desempenhado por qualquer actriz acabada de sair do conservatório, tal é a vulgaridade e falta de profundidade do mesmo. Dos actores, só mesmo David Tennant (famoso por ter interpretado Doctor Who) se destaca. O seu Peter Vincent não deslumbra nem vai ficar para a História do cinema, mas afirma-se perfeitamente como a única luz de um filme abafado pela escuridão, sendo a única personagem minimamente convincente de um argumento escrito (aparentemente) à pressa.



Infelizmente, “Fright Night” é um daqueles produtos exclusivamente comerciais e perfeitamente desnecessários. Que se poderá tornar um guilty pleasure de muito boa gente, não tenho dúvidas nenhumas, até porque são 106 minutos de cinema descomplexado e sem grandes ambições artísticas. Mas é uma obra com um fio narrativo demasiado conveniente e previsível para despertar a atenção da maior parte dos cinéfilos. Nem a nível de efeitos especiais se safa, já que o CGI não está muito bem conseguido, deixando as artimanhas dos técnicos bem visíveis para toda a gente, como se se tratasse de um truque de magia mal elaborado. E o 3D, adivinhem só, nem vê-lo! Salvo dois ou três pormenorezitos, o preço acrescido do bilhete mais soa a embuste, o que apenas aumenta o mal-estar do espectador quando os créditos finais começam a rolar. Certamente, não seria nisto que James Cameron estaria a pensar quando apostou forte no 3D. E certamente, não era nisto que muitos cinéfilos estavam a pensar quando ouviram falar num remake de “Fright Night”.


Classificação – 1,5 Estrelas Em 5

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1 Comentários

  1. Cara na minha infãncia eu assiste todos os filmes "a hora do espanto" nunca fui fã porque eles não eram muito bons, nunca foram, demoro a achar um fã de "A hora do espanto" esse remake ficou muito divertido, agora assustar com filme de vampiro? Sem brincadeira? Fala sério o único filme desse gênero que eu já temi foi Nosferatu de 1922, o dracúla mais sinistro que eu ja vi. Vendo o filme achei o diretor um "chuta balde do caralho" o lance do gás e o que o vampiro fez com a motoca véia do garoto, caralho nunca imaginei que o Vampiro fosse agir daquela forma, o jeito que ele se contorse quando a estaca é encravada, achei muito bom pra um CGI meia boca, só pela imprevisibilidade ja ganhou ponto comigo, me diverti muito mais vendo esse remake do que o original. Daria nota 4 pela diversão que me proporcionou. É óbvio que respeito sua opinião.

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