Espaço Memória – Alphaville, Une Étrange Aventure De Lemmy Caution (1965)

Realizado por Jean-Luc Godard
Com Eddie Constantine, Anna Karina, Akim Tamiroff

Alphaville é um filme repleto de referências a outras obras não apenas cinematográficas. Lemmy Caution (Eddie Constantine) é uma figura enigmática, detective, agente secreto, jornalista do Figaro- Pravda, é enviado a Alphaville, uma cidade futurista, possivelmente noutro planeta, pelo menos muito longe da Terra como a conhecemos, para encontrar o louco professor Van Braun (Howard Vernon). Pelo meio conhece a filha deste, Natacha (Anna Karina). Alphaville é controlada por Alpha 60, uma voz impessoal que manipula os habitantes. Toda esta estranha sociedade vê desaparecer a cada dia as palavras, qualquer expressão emocional é proibida e as consciências individuais sufocadas. Só a poesia pode ainda recuperar tais danos.


Ao contrário do que se poderia esperar Alphaville, cujo nome remete imediatamente para Metropolis, não é uma cidade robotizada como esperamos de um filme de ficção científica (mas esta obra não se limita a essa leitura). Filmado em cenários impessoais de Paris, corredores de hotel, piscina, elevadores, o filme assenta na citação da série onde Lemmy Caution era já interpretado por Eddie Constantine mas também do poeta Paul Eluard sistematicamente citado ao longo da obra por oposição à frieza daquele mundo. A obra é na base uma adaptação de La Capital de la douleur do poeta vista pelo olhar único de Godard. Apaixonado por Anna Karina o realizador filma a sua beleza de forma inesquecível. Encontramos também referências a Orson Wells no modo como somos subitamente mergulhados naquele universo sem apresentações ou qualquer explicação. As referências ao nazismo, por exemplo nos fuzilamentos na piscina, e à manipulação pelos mass media são evidentes, tal como uma evocação de 1984 de Orwell.
Takes de cerca de quatro minutos, planos inovadores, cenas filmadas à mão, momentos de violência inusitada e sem efeitos especiais marcam, entre outros o estilo de Godard, e vão influenciar muitos realizadores depois dele, como por exemplo, para citar um, Quentin Tarantino. Godard recebeu no Festival de Cinema de Berlim o Urso de Ouro por esta obra.

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