Crítica - An Education (2009)

Realizado por Lone Scherfig
Com Carey Mulligan, Peter Sarsgaard, Alfred Molina, Olivia Williams

Das mãos da, até aqui desconhecida, dinamarquesa Lone Scherfig chega-nos uma história madura, serena e intemporal na pertinência das questões que levanta. “An Education” reflecte sobre a importância da educação. A relevância de, a certo ponto das nossas vidas, sermos capazes de assumir uma responsabilidade maior, colocando em primeiro plano uma formação académica que nos reserve um futuro digno e relegando um papel secundário para o divertimento e o prazer. Claro que a importância desta temática estará sempre dependente das diferentes culturas existentes no planeta. Porém, para a cultura ocidental e tendo em conta o estado da educação moderna, “An Education” apresenta uma mensagem muito forte. Esbatida e não propriamente original, mas ainda assim, forte e peremptória.
Localizada numa Inglaterra dos anos 60, a película dá-nos a conhecer Jenny (Mulligan), uma jovem culta de 16 anos de idade que tem como sonho ingressar na Universidade de Oxford de modo a assegurar um futuro mais digno, independente e estável. Contudo, o mundo de Jenny sofre um ligeiro abalo quando ela conhece David (Sarsgaard), um homem muito mais velho que, pelo seu charme e carácter esotérico, a vai arrebatar completamente. Adormecida e imensamente aborrecida com a rígida e limitada existência sob o tecto dos seus pais, Jenny vê em David uma escapatória para um mundo de diversão muito mais vasto e apelativo. E a certa altura, perante o interesse amoroso de David, Jenny vê-se confrontada com a obrigação de fazer uma escolha: recusar o amor daquele fascinante mas misterioso homem e assim continuar os estudos e uma vida de trabalho árduo e aborrecimento mórbido; ou aceitá-lo e esquecer os deveres de uma educação cuidada, aproveitando todos os prazeres que a vida tem para oferecer com o risco de se tornar inteiramente dependente (a nível social e monetário) de um homem que mal conhece.


“An Education” tem de ser analisado de acordo com o tempo em que a sua história decorre. Nos anos 60, as mulheres eram ainda reprimidas e usufruíam de poucas escolhas para o futuro. Na maior parte dos casos, mesmo que ingressassem na Universidade e se formassem, acabavam por ter uma única escolha: ser professora. Razão pela qual muitas acabavam por não ver qualquer utilidade na prossecução dos estudos. Em última análise, a chave do seu futuro acabava sempre por estar na escolha de um bom marido. Com a sua genialidade e irreverência, Jenny chega à conclusão de que os estudos são inúteis e decide abdicar de tudo em prol do amor. Porém, o amor nunca traz garantias de futuro e, inevitavelmente, Jenny acaba por descobrir isso mesmo da pior maneira.
Essa é a mensagem de “An Education”; a educação nunca é algo que se deva desprezar ou desconsiderar, pois ela é a única garantia de uma vida mais digna e confortável. Como jovem ingénua que é, Jenny sente-se completamente arrebatada pela figura de um homem mais velho e decide arranjar um atalho menos trabalhoso para uma vida de luxo. Porém, nesta vida, seja em que século ou década for, atalhos para tal objectivo é coisa que não existe. E ao sofrer na pele as chagas da sua inocência, Jenny acaba por se tornar uma pessoa mais completa e madura.


Como já referi, este filme não nos traz nada de verdadeiramente original. Estas questões já estão mais que batidas e analisadas. Porém, através de um argumento inteligente e equilibrado, interpretações fortes e seguras, e uma realização competente e apaixonada, “An Education” acaba por sobressair, revelando-se um filme sóbrio, agradável e muito “chique”. Para além disto, Carey Mulligan brilha na tela e capta todas as atenções. A sua interpretação é fascinante e emociona o espectador, pelo que a nomeação para o Oscar de Melhor Actriz é adequado. Poderei dizer que é assim que nasce mais uma estrela. Aguardemos pelos seus próximos projectos. Nota de destaque também para Alfred Molina, na interpretação ligeiramente cómica de um pai completamente perdido. Um pai que apenas quer o melhor para a filha, mas que não sabe como lhe oferecer essa felicidade.
Resumindo e concluindo, “An Education” afirma-se como um drama cativante, bem filmado e dirigido por Scherfig, mas que acaba por se revelar algo previsível. Não é o filme do ano, mas não deixa de ser uma boa aposta para os fãs de um cinema mais clássico e de uma história delicadamente estruturada e bem contada.

Classificação – 4 Estrelas Em 5

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2 Comentários

  1. tô com boas expectativas para esse filme. curti a crítica.
    abs.

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  2. tô?
    Mas que língua é esta?
    Querem passar por intelectuais,e nem Português sabem escrever...

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