Crítica - Planet 51 (2009)


Realizado por Jorge Blanco, Javier Abad e Marcos Martínez
Com Dwayne Johnson, Jessica Biel, Gary Oldman, Justin Long

As animações comercialmente produtivas e lucrativas são geralmente produzidas pelos principais estúdios norte-americanos especializados nesse género cinematográfico, no entanto, alguns estúdios europeus e asiáticos têm conseguido apresentar algumas produções que se aproximam timidamente da magnificência qualitativa e competitiva dos principais trabalhos da Pixar/Disney ou da DreamWorks. A Ilion Animations Studios, uma empresa espanhola especializada em animação computorizada e mundialmente conhecida pelo desenvolvimento de alguns videojogos, também decidiu entrar neste mercado cinematográfico altamente especializado com “Planet 51”, uma animação relativamente divertida que é protagonizada por Chuck Baker (Dwayne Johnson), um astronauta norte-americano que durante uma viagem espacial de reconhecimento aterra ocasionalmente no Planeta 51 onde encontra uma simpática civilização de alienígenas que é tecnologicamente e psicologicamente semelhante à civilização terrestre. Os perplexos habitantes verdinhos desse estranho planeta entram imediatamente em estado de pânico porque temem uma possível invasão alienígena dos terráqueos, uma situação que obriga o confuso astronauta a fugir. Após alguns divertidos imprevistos, Chuck faz amizade com Lem (Justin Long), um adolescente alienígena psicologicamente semelhante a um adolescente terrestre que aceita ajudar o simpático astronauta a regressar a casa, no entanto, essa missão de auxílio é dificultada pela histeria dos restantes habitantes do Planeta 51 que mobilizam o seu poderoso exército para capturar o astronauta.


O argumento desta produção espanhola foi desenvolvido pelo norte-americano Joe Stillman, um dos principais responsáveis criativos pelos argumentos de “Shrek” e “Shrek 2”, no entanto, ao contrário da magnífica comédia animada da DreamWorks que conseguiu capitalizar inteligentemente as diversas satirizações efectuadas aos célebres clássicos literários infantis, “Planet 51” raramente consegue aproveitar as inúmeras referências cinematográficas efectuadas aos grandes trabalhos de ficção científica do século passado porque os diversos momentos humorísticos resultantes dessas ilustres referências passam simplesmente ao lado do público-alvo desta produção, ou seja, as crianças que evidentemente desconhecem as histórias de “Allien”, “Star Wars”, “2001: A Space Odyssey “ ou “The Day the Earth Stood Still”. As múltiplas sequências humorísticas que resultam directamente dessas referências científicas poderiam agradar aos espectadores mais experientes, no entanto, isso raramente acontece porque essas sequencias não são propriamente brilhantes, ocasionalmente somos confrontados com alguns momentos verdadeiramente divertidos, como por exemplo, os divertidos paralelismos entre Aliens (monstro de ficção) e Cães (animal domestico), mas esses momentos são excepções porque geralmente somos brindados com sequências demasiado previsíveis. A história central de “Planet 51” também é extremamente desapontante porque aprofunda uma crescente amizade entre personagens visivelmente diferentes mas psicologicamente idênticas que consequentemente são perseguidas pelos preconceitos irracionais da sociedade, uma temática extremamente comum que recentemente foi explorada em algumas produções do género, como por exemplo, “Monsters, Inc”, “Ratatouille” ou “Lilo & Stitch”. À luz desta inequívoca comparação podemos facilmente concluir que “Planet 51” não nos apresenta nenhuma vertente narrativa de extrema criatividade ou originalidade.

A qualidade técnica de “Planet 51” é relativamente inferior à apresentada pelas produções cinematográficas da Pixar/Disney ou da DreamWorks mas é substancialmente superior à exibida pela esmagadora maioria das restantes animações que anualmente chegam às nossas salas de cinema. A construção gráfica das personagens é simplista mas interessante. Os coloridos cenários do Planeta 51, nitidamente inspirados nos típicos subúrbios norte-americanos das décadas de cinquenta e sessenta, também são extremamente divertidos. O famoso elenco vocal desta produção é maioritariamente competente, não existindo no entanto, nenhum actor que se destaque claramente pela positiva. Os espanhóis da Ilion Animations Studios conseguiram desenvolver uma animação visualmente competente mas narrativamente deficiente que infelizmente não se aproxima minimamente da enorme qualidade cinematográfica amplamente expressa nas principais animações dos grandes estúdios cinematográficos dos Estados Unidos da América.

Classificação – 2 Estrelas Em 5

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2 Comentários

  1. A sério? :s Esperava um bocadinho mais...

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  2. É um começo. E para tal até que não está mal.
    Que venham mais produções europeias!

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