Crítica - Patti Smith – Dream of Life (2008)

Realizado por Steven Sebring
Com Patti Smith, Sam Shepard,Tom Verlaine

Este filme-documentário de Sebring não é, como se poderia julgar, um retrato biográfico da rainha do punk rock. Em Dream of Life, obra homónima do álbum lançado pela artista em 1988, o realizador apresenta-nos num registo muito depurado os processos criativos desta cantora, poetisa e pintora. Filmado durante cerca de onze anos, o documentário, feito quase na totalidade a preto e branco, resume a biografia de Patti aos primeiros três minutos e mesmo assim não o faz exaustivamente. O tempo restante do filme apresenta-nos tanto quanto é possível o mundo interior da poetisa, os seus objectos especiais, incluindo a urna persa onde guarda algumas das cinzas do seu marido, a sua poesia, a música, a pintura, a família chegada e os amigos. Muito poucas são as imagens que apresentam Patti em palco, pelo contrário preferiu-se o background, os momentos de pausa e de composição. Patti lê muitas das suas poesias e letras de músicas, conta como as escreveu e porquê, fala do seu activismo político sobretudo na luta contra o governo de George W. Bush, conta anedotas, pormenores e fala-nos de livros.

Durante o filme pensei por diversas vezes se aquele seria um filme com qualidade se a qualidade não seria a que Patti Smith lhe conferia, mas simultaneamente não me apetecia sair dali. Queria saber mais sobre aquela mulher, conviver com ela durante mais um pouco. O filme tem esse mérito, as figuras que nele intervêm não se representam de forma alguma, falam simplesmente como quem já se habituou a ser acompanhado por uma câmara durante anos mas também não fingem naturalidade, eles criam um filme que é a amostragem ao mundo da vida criativa de Patti Smith.
Dada as características absolutamente completas desta mulher, e lembrando-nos nós que, apesar da importância fundamental que teve no rock, ainda não conseguiu votos suficientes para integrar o Rock and Roll Hall of Fame, sabe bem ver uma homenagem tão justa como esta ser feita ainda em vida da cantora. Para além deste aspecto, o filme vale também pelo modo como faz sobressair este lado feminino, profundo e intelectual que Patti Smith conseguiu conferir ao rock.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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