Crítica – 21 Grams (2003)

Realizado por Alejandro González Iñarritu
Com Sean Penn, Naomi Watts, Benicio Del Toro

Este não é um filme fácil nem um filme do agrado geral. Eu, pessoalmente, desenvolvi uma certa resistência ao mesmo desde a primeira vez em que o vi numa sala de cinema. O argumento vale mais pela técnica narrativa escolhida do que pela história propriamente dita. Em constantes alternâncias entre flashbacks e prolepses ligadas pelas motivações das personagens e não por uma ligação cronológica linear, "21 Grams" conta-nos a história de um atropelamento-e-fuga, de uma doação de coração, do apaixonar do homem que recebeu esse coração pela viúva do homem a quem ele pertencia, de uma vingança frustrada e de uma redenção final.
Este percurso moral é extraordinariamente caro a certo tipo de cinema americano, bem como os cenários deprimentes da sala de espera de um hospital ou de um decrépito motel, a depressão, as drogas, o sexo, os amores também se conjugam à boa maneira americana. O que talvez seja novo é esta tragicidade desenvolvida numa tensão permanente que exige do espectador uma grande atenção para ligar os vários tempos narrativos numa sequência lógica e perceber a razão que leva as personagens a agirem daquele modo e quanto pesa uma vida. O filme foi nomeado para os Óscares de Melhor Actor Principal (Benicio Del Toro) e Melhor Actriz Principal (Naomi Watts) e está disponível em DVD numa edição LN.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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7 Comentários

  1. Ainda não tive a oportunidade de assistir, mas gosto do tema.

    De Iñarritu vi e gostei muito de "Babel", percebe-se que o cineasta tem um estilo próprio e gosta de intercalar várias histórias e personages.

    Abraço

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  2. concordo Ana, não é um filme fácil... mas ao mesmo tempo acho que sai a perder com a marca que Iñarritu tem vindo a desenvolver... aquele encadeamento narrativo pseudo-artístico. Como dizes, tem um excelente argumento, mas acredito que a sua força é diminuída pela constante chamada de atenção do realizador para o seu próprio trabalho. Babel tem o mesmo problema quanto a mim

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  3. concordo em relação a Babel, o encadeamento não é produtivo

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  4. Excelente síntese, fiquei maravilhada com as tão poucas palavras que necessitaste para descrever na perfeição um filme tão complexo!

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  5. Gostei muito do filme. O diferencial dele, na minha opinião, foi a narrativa fragmentada. Gosto muito do trabalho de Iñarritu. A trilogia da perda é genial (Babel, 21 grams, amores perros).

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  6. Antes de mais peço desculpa por não partilhar da mesma visão que o Sr. Alejandro González Iñárritu, simplesmente não gosto da forma como ele dirige o desenrolar de acontecimentos.
    Contudo, apreciei ver este filme. Ao sair do cinema lembro-me de ter ficado com uma sensação agridoce, uma vez que a mística que este senhor vem implementado em seus filmes, com recurso a baralhar o espectador dando-lhe a mostrar praticamente o final do filme, está se a tornar repetitivo e, peço desculpa se estou enganado, demonstra uma "história" banal.
    Penso que o Sr.Iñárritu consegue espremer os guiões, transformando em filmes que possuem muitos climaxes, mas devido á sua técnica de produção, dai a minha admiração a nivel técnico que reconheço a este senhor em conseguir maximizar um conto agradavél mas na minha opinião banal com um casting de elevado caché.

    É um contador de histórias dramáticas com uso excessivo de técnicas já utilizados por ele próprio em filmes anteriores.

    2,5 estrelas em 5

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