Crítica - Contraband (2012)

Realizado por Baltasar Kormákur
Com Mark Wahlberg, Kate Beckinsale, Ben Foster

O thriller islandês “Reykjavík-Rotterdam” (2008), de Óskar Jónasson, não foi exibido em muitos mercados mas teve um razoável sucesso junto da crítica internacional que o considerou um dos melhores thrillers criminais de baixo orçamento de 2008, um honroso estatuto que influenciou a Icelandic Film and Television Academy a submete-lo como o candidato oficial da Islândia ao Óscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira. “Reykjavík-Rotterdam” acabou por não obter a nomeação final ao Óscar, mas o seu sucesso mundial foi suficiente para convencer a Working Title Films e a Universal Pictures a avançarem com um remake norte-americano, “Contraband”, que infelizmente é muito mais soft e comercial que o filme original. O protagonista da versão islandesa, Baltasar Kormákur, foi contratado para realizar este thriller de acção que nos conta a história de Chris Farraday (Mark Wahlberg), um ex-contrabandista que endireitou a sua vida por causa da sua família mas que se vê obrigado a voltar a fazer aquilo que ele faz de melhor - contrabando - para pagar a dívida do seu cunhado, Andy (Caleb Landry Jones), que estragou um negócio de tráfico de droga a um perigoso criminosos local (Giovanni Ribisi). Chris forma uma experiente equipa de contrabandistas com a ajuda do seu melhor amigo Sebastian (Ben Foster), e planeia rapidamente um golpe no Panamá que envolve o contrabando de milhões de notas falsas, mas quando este engenhoso plano se desmorona, a horas de obter o dinheiro, Chris terá de recorrer às suas enferrujadas habilidades para navegar por uma traiçoeira rede criminosa de traficantes de droga, polícias e assassinos antes que a sua mulher e os seus filhos se tornarem no alvo dos seus inimigos.


A regra diz-nos que os remakes norte-americanos têm a triste tendência de serem mais fracos que os filmes originais e é precisamente isso que acontece com este “Contraband”, um filme que até não é mau mas que é nitidamente inferior à versão islandesa que nos oferece uma narrativa mais sombria e violenta que, ao contrário deste remake, não aborda o contrabando da mesma forma que a "Oceans Saga" ou a "Fast & Furious Saga" abordam o mundo dos assaltos ou das corridas, ou seja, com muito show-off e nenhum realismo ou credibilidade à mistura. Eu diria que “Contraband” é um filme mais familiar e artificial que “Reykjavík-Rotterdam”, duas características pouco abonatórias para um thriller de acção que são evidenciadas pela falta de profundidade da sua trama, pelo excesso de atenção que é dado à vida familiar do seu interveniente central e, acima de tudo, pela clara falta de fogosidade e perigosidade das várias rivalidades criminais que estão na base da sua história e que nunca dão origem a fortes e explosivas cenas de acção. As traições e reviravoltas que marcam os seus minutos finais também não são nada entusiasmantes ou arrebatadoras, contribuindo assim para um fraco resultado final que ainda assim só gorará expectativas exageradamente altas e irrealistas.


O famoso actor/ cineasta islandês Baltasar Kormákur devia ter incutido um ambiente mais tenso e hardcore a "Contraband", mas apesar desta e de outras falhas relevantes a sua realização até é globalmente satisfatória, ainda para mais se tivermos em conta as fragilidades do argumento e o sofrível trabalho de um elenco cheio de estrelas que são lideradas por Mark Wahlberg que, uma vez mais, oferece-nos um trabalho sem brilho e isento de carisma que em nada beneficia o filme. O seu elenco secundário também não convence e nem a bela e talentosa Kate Beckinsale se safa. É verdade que “Contraband” não é um mau filme mas também não é lá muito bom. Se gostou de "Gone in 60 Seconds" ou das várias obras da "Fast & Furious Saga" então também vai gostar deste remake, mas o melhor mesmo é ver a versão islandesa que é superior em todos os aspectos.

Classificação – 2,5 Estrelas Em 5

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