Crítica - Real Steel (2011)

Realizado por Shawn Levy
Com Hugh Jackman, Evangeline Lilly, Dakota Goyo

Os filmes onde humanos e robots convivem lado a lado costumam obter excelentes resultados financeiros nas bilheteiras mundiais, no entanto, esse sucesso comercial raramente se traduz num sucesso crítico. O estreante “Real Steel” também não convenceu a crítica norte-americana, mas assume-se claramente como um dos blockbuster mais divertidos e emocionantes do ano. A sua história centra-se em Charlie Kenton (Hugh Jackman), um ex-pugilista que perdeu a sua oportunidade de ganhar o título mundial de boxe quando robôs gigantes tomaram conta do ringue. Charlie, é agora um insignificante promotor de combates que sobrevive a arranjar, peça a peça, robôs já descartados que posteriormente utiliza em combates ilegais. Quando já pouco ou nada resta da sua dignidade, Charlie, relutantemente, junta-se ao seu filho Max (Dakota Goyo), em cuja vida nunca esteve presente, para construir e treinar um verdadeiro campeão. Quando, na brutal e implacável arena é elevada a fasquia, Charlie e Max, contra todas as expectativas, encontram ali a sua última chance para um regresso apoteótico.


O seu enredo é baseado em “Steel”, um conto futurista e revolucionário que conseguiu cativar a DreamWorks, um estúdio que nos volta a oferecer uma obra sci-fi sem muito nexo, mas com um elevado nível de entretenimento. O filme é dominado por várias lutas robóticas que nos fazem lembrar as batalhas de “Transformers” (2007) e que se assumem claramente como o seu maior atractivo visual e comercial, no entanto, esta obra também nos oferece uma emotiva vertente melodramática sobre os elos afectivos entre familiares e entre humanos e robots, vertente essa que nos remete para filmes mais sérios como “The Iron Giant “ (1999), um clássico animado que aborda a humanização das criaturas mecânicas e a forma como estas se relacionam com os humanos. A história de “Real Steel” também faz uma interessante referência cultural e moralista à carreira fictícia de Rocky Balboa e ao embate bíblico entre David e Golias, através da incrível ascensão de Atom e da sua luta titânica contra Zeus pelo Título Mundial da Liga de Boxe de Robots.


A sua vertente visual é nitidamente um dos seus melhores elementos. Os robots e os cenários têm um visual fascinante e detalhado, mas são as lutas robóticas que mais nos chamam a atenção com o seu inerente realismo e brutalidade mecânica. O trabalho de Shawn Levy também é satisfatório. O cineasta soube conter e controlar a narrativa e os elementos técnicos, evitando assim que “Real Steel” se transformasse num festival de excessos visuais e sonoros como “Transformers” ou “Cowboys And Aliens”. O seu elenco também não nos desilude. Hugh Jackman e Evangeline Lilly estão muito bem, mas é o incrível Dakota Goyo que mais se destaca com o seu entusiasmante e carismático trabalho individual, onde chora, brinca e dança. Em suma, “Real Steel” resulta de um interessante cruzamento entre vários sucessos críticos e comerciais como “Rocky” (1976), “The Iron Giant“ (1999), “Cinderella Man” (2005) e “Transformers” (2007), no entanto, esta obra também tem um certo valor individual que justifica uma ida ao cinema.

Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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3 Comentários

  1. Concordo com os aspectos gerais da critica. De facto, não é um argumento de todo original, mas provavelmente também não era essa a intenção, porque as cenas de luta estão muito realistas. Expliquei-o aqui melhor.

    http://entretenimento.pt.msn.com/cinema/puro-a%c3%a7o-222

    cumprimentos

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  2. 4,3 Estrelas em 5. (4) pela mensagem que o filme nos transmite, (,3) pela relação entre os personagens e as máquinas.

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  3. Um filme que vi a pouco tempo em DVD e na verdade fiquei surpreendido pois estava a espera de pior mas o realismo das cenas e as boas interpretações dos actores fizeram-me gostar deste filme não é uma obra de arte (de todo) mas vê-se bem. Especial atenção aos extras do filme em particular o extra em que demonstra que todos aqueles robôs foram criados em tamanho real para ajudar e tornar mais realista a interacção dos mesmos com os actores (dica dada por Steven Spielberg ao realizador).

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