Crítica - There Be Dragons (2011)

Realizado por Roland Joffé
Com Charlie Cox, Wes Bentley, Dougray Scott, Rodrigo Santoro

O caos da Guerra Civil Espanhola (1936-39) é habilmente retratado por Roland Joffé neste “There Be Dragons”, um filme histórico e dramático que utiliza este traumático conflito para nos contar uma história de amor e de ódio sobre Josemaría Escrivá. A história de “There Be Dragons” é ambientada entre os anos trinta e os anos oitenta e foca-se inicialmente em Robert Torres (Dougray Scott), um escritor que se encontra a escrever um livro sobre Josemaría Escrivá (Charlie Cox), um famoso padre espanhol que fundou a Opus Dei e que está em vias de ser canonizado pelo Vaticano. A sua melhor fonte de informação é o seu pai, Manolo Torres (Wes Bentley), um ex-soldado que cresceu ao lado de Josemaría Escrivá mas que ao contrário deste preferiu enveredar pela carreira militar, uma decisão que acabou por ditar o fim da sua amizade com Josemaría e que teve vários efeitos na vida de ambos. “There Be Dragons” conta-nos portanto a história desta amizade transformada em rivalidade que teve os seus períodos de maior interesse durante a Guerra Civil Espanhola.


A década de oitenta foi indiscutivelmente a melhor da carreira de Roland Joffé, um cineasta que entre 1981 e 1989 foi indicado por duas vezes ao Óscar de Melhor Realizado pelo seu excelente trabalho em “The Killing Fields” (1984) e “The Mission” (1986), dois clássicos que se assumem, até ao momento, como os seus últimos sucessos qualitativos porque nos últimos vinte anos este cineasta só nos apresentou filmes como “Captivity” (2007) ou “Vatel” (2000), obras sofríveis que foram massacradas pela crítica e pelo público mundial. O seu novo filme, “There Be Dragons”, também não convenceu a crítica mas é, mesmo assim, um dos seus melhores trabalhos dos últimos vinte anos. O enredo desta obra é rico em temáticas controversas e culturalmente interessantes que infelizmente não foram abordadas com a devida intensidade, criando assim uma narrativa previsível e ocasionalmente enfadonha que apenas interessará a quem queira saber mais sobre a Guerra Civil Espanhola. É verdade que Joffé tentou incutir um pouco de melodrama e de acção a esta narrativa histórica mas essa tentativa peca por escassa, sendo raros os momentos que são verdadeiramente emocionantes e/ou cativantes. O elenco de “There Be Dragons” é, ao lado da sua vertente visual, um dos seus melhores elementos. Wes Bentley é o actor que mais se destaca com a sua performance como Manolo Torres, já Charlie Cox fica um pouco aquém das expectativas como Josemaría Escrivá. Dougray Scott, Olga Kurylenko, Jordi Mollà, Rodrigo Santoro e Unax Ugalde têm razoáveis performances secundárias. “There Be Dragons” conta com uma vertente visual muito interessante e historicamente correcta, mas isto não é suficiente para transformar este drama histórico num filme a ter em conta, no entanto, todos aqueles que queiram ver um razoável filme sobre Josemaría Escrivá ou sobre a Guerra Civil Espanhola podem encontrar neste “There Be Dragons” aquilo que procuram.


Classificação – 2,5 Estrelas Em 5

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