Crítica - Outrage (2010)

Realizado por Takeshi Kitano
Com Takeshi Kitano, Kippei Shiina, Ryō Kase

A Palma de Ouro do Festival de Cannes 2010 foi atribuída a “Uncle Boome Who Can Recall Past Lives”. de Apichatpong Weerasethakul. mas este não foi o único filme asiático a se destacar dos demais porque. entre os vários títulos que pautaram a Selecção Oficial. encontrava-se este “Outrage”, um excelente filme sobre a máfia asiática (Yakuza) que foi exibido em vários festivais mundiais mas que infelizmente só foi devidamente distribuído na Ásia. A história de “Outrage” aborda a luta que os vários clãs da Yakuza Asiática travam diariamente entre si para controlarem o maior número de territórios e de mercados possíveis, obtendo assim uma maior influência na sociedade asiática. Otomo (Takeshi Kitano) é um yakuza veterano que trabalha indirectamente para o Sannokai, um poderoso sindicato criminal que é liderado por Sekiuchi (Kitamura Soichiro), um influente mafioso que controla uma série de clãs como o Ikemoto-Gumi. O líder deste clã, Ikemoto (Kunimura Jun), contrata Otomo para colocar em linha um pequeno clã que se opõe ao domínio do Sannokai.


O início da carreira do veterano actor/realizador Takeshi Kitano ficou marcado por vários filmes de relevo sobre a máfia asiática, mas à medida que os anos foram passando, Kitano foi apostando em obras mais dramáticas e artísticas como “Kikujirô no Natsu” (1999), no entanto, este “Outrage” marca o seu regresso ao género que o notabilizou, um regresso que deve ser saudado, porque estamos perante um filme caótico mas realista onde reina a intensidade e a brutalidade. Este é portanto um verdadeiro festival de carnificina que merece ser visto por todos aqueles que apreciam obras semelhantes, no entanto, este filme é muito mais que um mero festival de violência, porque Takeshi Kitano conta-nos também uma fantástica história sobre um mundo violento onde diariamente se trava uma inexorável e interminável batalha pelo domínio do mundo do crime, mundo esse que é controlado por maquiavélicos vilões como Sekiuchi ou por veteranos mercenários como Otomo que fazem de tudo para sobreviver e exterminar a concorrência ou aqueles que os traem. É precisamente neste contexto que aparecem as cenas mais violentas e macabras desta obra, que foi habilmente executada por um cineasta que nos volta a maravilhar com a sua enorme versatilidade. O elenco de “Outrage” também nos brinda com uma performance colectiva fenomenal, mas são as performances individuais de Takeshi Kitano e de Kitamura Soichiro, este último a um nível mais secundário, que mais saltam a vista. “Outrage” não é um clássico instantâneo mas merece, mesmo assim, todos os louvores possíveis porque é um filme que não é nem mainstream nem excessivamente alternativo, um equilíbrio perfeito que resulta num filme violento mas extremamente interessante.

Classificação – 4 Estrelas Em 5

Enviar um comentário

0 Comentários

//]]>