Crítica – The Time That Remains (2009)

Realizado por Elia Suleiman
Com Elia Suleiman, Saleh Bakri, Amer Hlehel

Nomeado para a Palma de Ouro, que não recebeu, este último trabalho de Elia Suleiman é uma obra semi-autobiográfica assente nos registos da sua própria família sobre a condição dos palestinianos que permaneceram em Israel depois da fundação deste Estado e nele tentaram sobreviver, sendo agora uma minoria numa terra que era sua. A visão apresentada é particularmente subjectiva mas simultaneamente distante como a das memórias de acontecimentos que foram filtrados quer pelos registos escritos que o pai lhe deixou, ele próprio um elemento activo da resistência, quer pelas cartas da mãe a familiares no estrangeiro e quer pelas suas próprias memórias desde criança.
Elia Suleiman-personagem não profere uma palavra ao longo de todo o filme contudo é a sua visão dos acontecimentos que chega ao espectador. É a história da família Suleiman, do pai visto como herói, da mãe amorosa, dos vizinhos loucos, da submissão forçada ao inimigo, da resistência bem encapotada, dos problemas com os militares israelitas, sem haver nisto tudo um fio narrativo particularmente coeso, nem diálogos esclarecedores, nem uma acção apaixonante. O filme desenrola-se como uma evocação de um passado singular, que traz à discussão a importante questão palestiniana num momento de tão grande tensão com o mundo árabe, mas sem uma mensagem particularmente significativa. Não se pretende mais do que partilhar uma experiencia pessoal com o espectador, uma homenagem sentida à sua família e ao seu povo.

Por estas razões ainda que interessante por nos transportar para uma sociedade e uma cultura que nos é ainda estranha e que de algum modo preferimos esquecer, "The Time That Remains" é um filme com uma fotografia interessante, com uma banda sonora árabe que nos encanta, com momentos bem captados do choque cultural que se vive em Nazareth, onde os três grandes credos coexistem sem conseguirem dialogar, mas sem um ponto forte, um conflito, um elemento que prenda o espectador e por essa razão todos os pequenos instantes de beleza conseguidos ficam a pairar no limbo sem poderem assentar numa matéria consistente. O seu significado profundo poderá residir do próprio título o que resta do tempo passado, o que fazer com o tempo que ainda temos?

Classificação - 3 Estrelas Em 5

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