Crítica – Tony (2010)

Realizado por Bruno Lourenço
Com Tiago Fagulha, Sofia Marques, Rita Martins

Esta curta-metragem de Bruno Lourenço conta-nos uma pequena história. É a história de Jorge (Tiago Fagulha), um ascensorista que reparte os seus dias entre o hotel onde trabalha e a pensãozinha onde vive sozinho. Jorge encontra sentido para esta discreta existência tentando reencarnar Tony de Matos,no aspecto, no glamour e no efeito sobre as audiências. Neste percurso, Jorge inscreve-se num muito curioso concurso de karaoke intitulado “Glórias do Nacional Cançonetismo”. Aí encontra outros mitos dos tempos gloriosos da canção portuguesa como Simone de Oliveira, Madalena Eglesias, António Calvário, entre outros, renascidos nos corpos de pessoas que como ele mantêm viva a memória daquela época.


Ainda que seja apenas um fragmento de narrativa, Tony deixa-nos com vontade de ver mais trabalhos deste realizador. Os ambientes sugeridos pelo filme, o hotel, a pensão e o bar onde se desenrola do karaoke, são-nos completamente familiares, tal é a perfeição da recriação dos mesmos, despretensiosa e extraordinariamente coerente. A viagem ao tempo dos ídolos românticos portugueses é um convite que aceitamos com prazer e que desperta em nós, ou por termos vivido esse período ou pelos ecos que deles nos chegaram, lembranças que a vida quotidiana não evoca.
Arrisco-me a inscrever esta pequena película no mesmo caminho iniciado por Miguel Gomes com Aquele querido mês de Agosto, um caminho que faz filmes portugueses, sobre a vida portuguesa, herdeiro natural dos tempos áureos do cinema luso.


Classificação - 4 Estrelas Em 5

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