Crítica - Bright Star (2009)

Realizado por Jane Campion
Com Bem Whishaw, Paul Schneider, Thomas Sangster, Abbie Cornish

A inspiradora realizadora de “Piano”, Jane Campion, regressa aos grandes palcos cinematográficos com “Bright Star”, um filme biográfico/romântico cujo título original se inspira em “Bright Star: Love Letters and Poems of John Keats to Fanny Brawne”, uma colectânea literária que é composta por cartas e poemas de amor que foram escritos por John Keats e dedicados ao grande amor da sua vida, Fanny Brayne. Estas duas figuras são as principais personagens desta história que se passa na Inglaterra do início do século dezanove, onde acompanhamos o princípio do problemático romance entre o jovem poeta inglês e a sua atractiva vizinha. Apesar de terem muito pouco em comum, ele é um poeta romântico e ela é uma estudante de moda muito pouco dada à literatura, estes criativos indivíduos iniciam uma inesperada mas duradoura amizade que rapidamente se transforma num amor sem limites que tem a poesia como linguagem principal. O romance acaba por se tornar numa obsessão difícil de aceitar por todos os que os rodeiam, no entanto, eles conseguiram ultrapassar todas as contrariedades até ao dia em que uma inesperada infelicidade os conseguiu separar.


A neozelandesa Jane Campion desiludiu com “In the Cut” mas conseguiu recuperar o seu brilhantismo com esta fantástica produção que nos transmite uma excelente mensagem romântica que resulta directamente do inspirador trabalho literário de um jovem poeta que se apaixonou por uma jovem designer. O desenvolvimento da narrativa é constantemente acompanhado por magníficas dissertações dos fantásticos sonetos e poemas de John Keats, "Bright Star, Would I Were Stedfast as Thou Art", "The Eve of St Agnes" e "Ode to a Nightingale” são apenas alguns dos vários poemas que o inspirador poeta escreveu e dedicou à sua amada e que agora aparecem retratados nesta longa-metragem que brilhou no último Festival de Cannes. O romance proibido, que serviu de inspiração aos magníficos textos poéticos em questão, é retratado com sensibilidade e qualidade por Jane Campion, uma cineasta que honra o género romântico tradicional ao retratar o relacionamento entre os dois protagonistas com criatividade e seriedade, nunca entrando em caminhos demasiado explícitos ou vulgares. Os diálogos expirem a intelectualidade dos protagonistas mas também conseguem transmitir habilmente a verdadeira dimensão do seu romance arrebatador, uma forte coesão de apaixonantes e emocionantes sentimentos que lhes permitiu enfrentar as diversas complexidades da sociedade e da própria vida. A conclusão da narrativa é acompanhada por uma vertente mais dramática e menos romântica que reforça o sentimento de tragédia e de injustiça desta história verídica.


O elenco principal de “Bright Star” é composto por Ben Wishaw e Abbie Cornish, dois jovens mas talentosos actores que rubricam duas fantásticas performances que estão recheadas de sintonia romântica e artística. O elenco secundário também nos fornece algumas prestações de qualidade, Paul Schneider e Thomas Sangster são claramente os melhores exemplos disso mesmo. A fotografia de “Bright Star” é visualmente esplendorosa, estando perfeitamente enquadrada com a amplitude amorosa da história. Os honrosos elogios da crítica especializada são inteiramente merecidos, “Bright Star” é uma excelente produção que reforça o género romântico e que homenageia respeitosamente o trabalho e a existência de John Keats, um dos principais poetas românticos do início do século dezanove. O regresso de Jane Campion às grandes produções qualitativas é entusiasticamente recebido por qualquer espectador que aprecie a seriedade e a criatividade da sétima arte. “Bright Star” é uma verdadeira estrela cintilante deste género e desta indústria.

Classificação – 4 Estrelas Em 5

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