Crítica - Red Cliff (2008)

Realizado por John Woo
Com Tony Leung Chiu Wai, Takeshi Kaneshiro, Fengyi Zhang

O cinema asiático é mundialmente conhecido pela produção de obras cinematográficas extremamente baratas mas substancialmente originais que elevam constantemente o nível qualitativo de alguns géneros cinematográficos, no entanto, essas obras de grande criatividade e qualidade raramente chegam às salas de cinema dos grandes mercados internacionais. Os estúdios chineses decidiram alterar esse cenário desolador com “Red Cliff”, uma produção extremamente dispendiosa mas qualitativamente extraordinária que se impôs facilmente nos mercados cinematográficos do ocidente e do oriente. A narrativa deste épico histórico relata-nos os acontecimentos da maior e mais famosa batalha da história da China. Durante a Dinastia Han, o território chinês estava dividido em três reinos rivais, sem esperança de sobreviver ao aumento do domínio do reino principal, os reinados de Xu e Wu formaram uma aliança sem precedentes, juntando forças numa grande batalha contra o terceiro reino, liderado pelo instável imperador Han e controlado pelo insaciável primeiro-ministro Cao Cao cuja ambição é unificar o país e tornar-se, ele próprio, Imperador. O conflito, conhecido actualmente por Batalha de Red Clif, mudaria para sempre o curso da história do continente asiático.
A extensa duração da versão original, obrigou John Woo a desenvolver uma versão ocidental que fosse comercialmente apelativa mas essencialmente idêntica à produção original, sendo assim, a grandiosidade da obra não foi alterada pela edição do cineasta que se limitou a retirar alguns elementos pouco relevantes e a encurtar algumas cenas bélicas excessivamente compridas. O argumento mistura harmoniosamente a exactidão histórica com a imaginação cinematográfica, criando situações extremamente credíveis que exaltam o drama e a tensão do conflito. Os diálogos estão recheados de informações relativamente importantes que permitem ao espectador conhecer as personalidades dos grandes intervenientes do conflito e os ideias que regiam as suas atitudes. A narrativa transmite ao espectador a típica eficiência asiática ao desenvolver sem grandes problemas, várias histórias secundárias de grande interesse e relevância sem apostar nos típicos clichés do género.
A direcção de John Woo é extremamente popular, apelando constantemente às origens culturais e emocionais dos chineses. As grandes cenas bélicas são fenomenais e exibem com grande pormenor as estratégias orientais de ataque e defesa, no entanto, essas cenas aparecem-nos fortemente editadas na versão ocidental, não transmitindo na totalidade a espectacularidade e a brutalidade do conflito ao espectador, algo que felizmente é minimamente perceptível através dos diálogos e dos momentos intocáveis. O vasto orçamento da obra permitiu a introdução de alguns elementos estéticos de qualidade que possibilitou o embelezamento da competente caracterização e da fantástica fotografia. As sonoridades respeitam a época e incutem grandiosidade às mais enigmáticas cenas do filme. O elenco apresenta-nos uma performance geral amplamente positiva e convincente. O sucesso mundial de “Red Cliff” poderá representar o início da expansão internacional da sétima arte chinesa. Este virtuoso épico histórico deverá agradar facilmente aos espectadores nacionais que apreciem uma obra narrativamente poderosa e esteticamente atractiva, podendo também servir de inspiração a futuras produções cinematográficas asiáticas que pretendam conquistar os mercados internacionais.

Classificação – 4,5 Estrelas Em 5

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