Crítica - Los Abrazos Rotos (2009)


Realizado por Pedro Almodóvar
Com Penélope Cruz, Lluis Homar, Blanca Portilla, Rossy de Palma

Um novo e refrescante trabalho cinematográfico do icónico cineasta espanhol, Pedro Almodóvar, é sempre apreciado pelos grandes ciclos da sétima arte europeia, no entanto, o seu mais recente trabalho, “Los Abrazos Rotos”, tem desiludido os grandes especialistas imparciais e os acérrimos seguidores do realizador. O filme encarna na perfeição o estilo criativo bastante próprio e cuidado do cineasta, mas em comparação com “Volver” ou “Hable con Ella”, duas obras-primas do criador espanhol, “Los Abrazos Rotos” desilude ao nível do argumento que é extremamente expectável e excessivamente melodramático, notando-se a ausência de pequenos momentos de humor e intriga, elementos tipicamente característicos das narrativas de Almodóvar.
Esta obra dramática conta-nos a história de um escritor (Lluís Homar) que vive uma existência emprestada ao seu próprio pseudónimo. Catorze anos antes, ainda como Mateo Blanc, realizador e argumentista, um acidente de viação em Lanzarote roubou-lhe a visão e o seu grande amor. Para ele, Mateo morreu junto de Lena (Penélope Cruz), naquele trágico dia. Determinado a esquecer, abandona uma parte de si mesmo, optando pelo nome e existência que tinha escolhido no mundo literário, Harry Caine. Harry, pretendendo riscar todos os traços da sua anterior individualidade, usa-se da sua incapacidade visual para apurar todos os seus outros sentidos, sentidos esses que o tornam ainda mais fascinante e apaixonado, algo que imprime nos seus argumentos cinematográficos que dita a Diego (Tamar Novas), seu secretário e filho da sua grande amiga Judit Garcia (Blanca Portillo). Um dia Diego tem um acidente e é Harry quem cuida dele durante vários dias. Uma noite, a história do que se passou há catorze anos é contada.
Os argumentos do realizador espanhol são geralmente melodramáticos e trágicos mas raramente aborrecem o espectador, no entanto, “Los Abrazos Rotos” raramente apela à atenção incondicional do público, porque se prende demasiado à banal e inimaginativa história romântica de contornos trágicos que nos é contada através de diálogos excessivamente longos e flashbacks dolorosamente entediantes, notando-se claramente a ausência dos pequenos mas deliciosos momentos de intriga e humor que normalmente acompanham os desenvolvimentos dramáticos das narrativas do cineasta, momentos esses que geralmente cativam a imaginação do espectador.
A nostalgia comandou a câmara do experiente realizador em diversas ocasiões, dando origem a várias cenas que enaltecem o seu glorioso passado cinematográfico. As influências dos clássicos almodóvarianos estão claramente presentes em vários momentos da história, algo que afecta inegavelmente a identidade criativa desta obra que raramente nos apresenta rasgos de originalidade e inovação. A fotografia tipicamente espanhola é verdejante mas relativamente cansativa. A electrizante Penélope Cruz está ligeiramente apagada em “Los Abrazos Rotos”, no entanto, a actriz espanhola dificilmente conseguiria uma performance mais energética porque a sua personagem é demasiado estática. Lluís Homar e Tamar Novas, os dois grandes actores masculinos do elenco, correspondem sem grande brilho às expectativas criadas. Esta última entrega cinematográfica de Pedro Almodóvar é meramente satisfatória, uma definição medíocre que não compactua com os habituais elogios direccionados às grandes obras do realizador espanhol, no entanto, apesar das óbvias debilidades criativas, “Los Abrazos Rotos” poderá agradar aos espectadores que procurem um agradável romance dramático.

Classificação – 3 Estrelas Em 5

Enviar um comentário

0 Comentários

//]]>