Crítica – The Painted Veil (2006)

Realizado por John Curran
Com Edward Norton, Naomi Watts, Liev Schreiber

Os nomes de Edward Norton e Somerset Maugham juntos num mesmo filme é só por si uma razão suficiente para o apreciar. Nesta obra de John Curran, que parte da novela homónima de Maugham, encontramos em plenos anos 20 a história de um médico, Walter (Edward Norton) que casa pelas razões erradas com uma mimada menina da alta-sociedade, Kitty (Naomi Watts), com quem se muda para Xangai onde exerce a sua actividade. Entediada, Kitty rapidamente se enamora por outro homem com quem trai o marido. Ao descobrir a traição, Walter coloca à mulher a opção de aceitar um divórcio por adultério ou acompanhá-lo numa viagem a uma remota aldeia chinesa dizimada pela cólera. Receando o vexame público, Kitty acompanha o marido e aí, onde a essência humana vem ao de cima sem dissimulações, a relação entre ambos ganha um novo contorno.



O enredo delineado por Maugham é, como habitualmente nas suas obras, de uma delicada sensibilidade e de uma fortíssima sensualidade. As personagens são extraordinariamente humanas pela sua complexidade e tanto Norton como Naomi Watts conseguem torná-las consistentes. A recriação dos ambientes emoldurada por uma encantadora banda sonora é muito bem conseguida tal como o guarda-roupa da época adaptado ao cenário oriental. O véu pintado é o que separa duas pessoas que estão fisicamente juntas, as distâncias emocionais, a visão do mundo. E, se não há muitos momentos de grande tensão dramática, a narrativa flui consistentemente transportando o espectador não só numa viagem absolutamente exótica mas também numa reflexão interior sobre a sua verdadeira natureza e o grau de assumpção pública da mesma. É uma bem conseguida adaptação à grande tela de uma obra literária que consegue igualá-la em qualidade.


Classificação - 4 Estrelas Em 5

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