Crítica - Street Fighter: The Legend of Chun-Li (2009)


Realizado por Andrzej Bartkowiak
Com Brahim Achabbakhe, Russell Geoffrey Banks, Moon Bloodgood

Quinze anos depois da estreia mundial da primeira adaptação cinematográfica da famosa série de videojogos Street Fighter, chega às nossas salas de cinema “Street Fighter: The Legend of Chun-Li”, uma produção canadiana que transforma o grande fracasso comercial protagonizado por Jean-Claude Van Damme num filme extremamente apetecível. São vários os problemas desta fraquíssima adaptação dirigida por Andrzej Bartkowiak, que se mostrou incapaz de recriar com exactidão o mundo fantasioso e alucinante de Street Fighter, no entanto, a culpa deste fracasso não é inteiramente sua, porque o desinspirado elenco e o fraco argumento também contribuíram activamente para o resultado final deste produto cinematográfico perfeitamente dispensável.


A história desta obra leva-nos numa viagem pelo mundo das artes marciais que pautam a vida quotidiana em Banguecoque, um centro urbano que se encontra dividido entre o bem e o mal. As forças da escuridão são conduzidas por Bison, um patrão do crime com um aparente poder ilimitado e cujo passado esconde um segredo chocante. De forma a cimentar o seu poder, este poderoso mafioso criou a Shadaloo, um sindicato criminoso que tem vindo a apoderar-se dos bairros mais degradados da capital tailandesa. Esta temida organização é composta por alguns dos criminosos mais perigosos do mundo, entre os quais se destaca o impiedoso mercenário Balrog. Ao serviço da Shadaloo também está Vega, um mascarado guerreiro de garras em punho, cuja arma foi feita à medida de ataques aniquiladores e penetrantes. Enquanto Bison instiga uma onda de violência nos bairros degradados dos distritos tailandeses, apoderando-se lentamente do poder não olhando às consequências para os residentes, uma equipa de heróis emerge. A líder dessa equipa é Chun-Li, uma bela rapariga meio-caucasiana/ meia-asiática que desistiu de uma vida privilegiada para se transformar numa lutadora de rua, combatendo por aqueles que não podem lutar por si. O seu mestre de Kung Fu, Gen, outrora um temido criminoso, luta agora pelas forças do bem. Igualmente determinado a parar Bison está o agente Charlie Nash, que tem seguido o patrão do crime por todo o mundo.


O argumento elaborado por Justin Marks mostra-se pouco fiel às origens de Street Fighter, porque nos apresenta personagens materialmente diferentes daquelas que ajudaram a construir e desenvolver a popularidade dos videojogos da saga. Entre os casos mais flagrantes desta inexactidão narrativa encontramos Bison e Balrog, dois eternos vilões da saga electrónica que neste filme são retratados como simples mafiosos. O principal problema deste argumento não se encontra, no entanto, na construção das personagens, porque um espectador que desconheça as raízes de Street Fighter mostrar-se-á indiferente a estas infelizes modificações. Na minha opinião, o principal problema deste argumento está no desenvolvimento da sua confusa e ridícula história, que nunca se mostra capaz de cativar e divertir os espectadores. Os incoerentes diálogos que apostam em filosofias baratas que não acrescentam nada de útil ao filme, também contribuíram para este descalabro narrativo que se arrasta por mais de 90 minutos. O cineasta Andrzej Bartkowiak também se mostrou incapaz de fornecer um elemento de qualidade ao filme. A sua realização é completamente desastrosa e descuidada, algo que se exterioriza na péssima utilização dos efeitos visuais que servem de apoio às fracas e irrealistas sequências de acção.


O elenco desta obra não é composto por actores extremamente populares, mas alguns têm-se destacado em várias séries norte-americanas, nomeadamente Kristin Kreuk que tem desempenhado com algum sucesso o papel de Lana Lang em “Smallville”, no entanto, a sua prestação neste “Street Fighter: The Legend of Chun-Li” deixou muito a desejar. Kristin Kreuk nunca conseguiu incorporar devidamente o espírito da sua personagem (Chun-Li), conferindo-lhe uma postura demasiado aborrecida e pouco carismática. O maléfico Bison é interpretado por Neal McDonough, um actor que tem brilhado como vilão psicótico na série “Desperate Housewifes”. Esta sua interpretação do principal vilão de Street Fighter é irremediavelmente mais fraca que a apresentada por Raul Julia no primeiro Street Fighter, mas verdade seja dita que, apesar de todas as condicionantes, Neal McDonough conseguiu ser o melhor actor deste elenco. No lado oposto da moeda encontramos Chris Klein, que nos brinda com uma prestação verdadeiramente desastrosa.


Após o fracasso do primeiro filme, o aparecimento desta segunda obra baseada no famoso videojogo é perfeitamente injustificável. Depois de ver os dois filmes da saga, parece-me óbvio que Street Fighter não combina com a 7ª arte. Com “Street Fighter: The Legend of Chun-Li”, a 20th Century Fox conseguiu obter o primeiro flop de 2009, um título bastante depreciativo que certamente inibirá este estúdio de produzir mais filmes relacionados com esta temática.

Classificação - 1 Estrela Em 5

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