Crítica - Snow White and the Seven Dwarfs (1937)

Realizado por David Hand
Com Adriana Caselotti, Harry Stockwell, Lucille La Verne

Em 1937, surgiu nos primitivos cinemas norte-americanos, a primeira longa-metragem da Walt Disney Pictures, intitulada “Snow White and the Seven Dwarfs”. Esta obra, baseada num conto de fadas escrito pelos Irmãos Grimm, tornou-se rapidamente num fenómeno comercial que permitiu à Disney produzir mais obras cinematográficas do género, levando assim um pouco mais de magia à vida das crianças, o público-alvo do estúdio.
A história do filme centra-se na bela e pura Branca de Neve, que sofre enormes atrocidades às mãos da sua cruel madrasta, uma rainha malvada mas extremamente bela que apenas vive para a sua aparência. O dia desta narcisista vilã é passado à frente de um espelho mágico que sempre a considerou a mulher mais bela do reino, mas quando este mágico objecto muda de opinião e elege Branca de Neve como a mais bela, esta invejosa rainha decide mandar matar a sua enteada, no entanto, o carrasco que deveria assassiná-la deixa-a partir e, durante a sua fuga pela densa floresta, Branca de Neve encontra uma pequena mas acolhedora cabana que é habitada pelos Sete Anões da Floresta que trabalham numa mina de diamantes. Estes simpáticos anões com personalidades bastante distintas e peculiares acolhem esta afável princesa que, através de inúmeras interacções, começa a ligar-se emocionalmente aos seus novos amigos que, por sua vez, também criam laços afectivos com ela. Este clima de felicidade e amizade é subitamente interrompido pela Rainha/Bruxa Má que entretanto descobriu que Branca de Neve continua viva. Determinada em conquistar o título da mulher mais bela do reino, a Bruxa Má disfarça-se de uma pobre vendedora de fruta e oferece à sua enteada uma maça envenenada, que acaba por condenar a bela princesa a um sono eterno que é quebrado por um beijo apaixonado de um príncipe encantado.


A pureza e simplicidade do argumento de “Snow White and the Seven Dwarfs” permite uma clara distinção entre bem/mal e correcto/errado, que reforça a essência infantil desta obra que foi criada a pensar na imaginação das crianças. O principal enfoque desta narrativa reside nos valores da amizade que são maioritariamente exteriorizados na relação da Branca de Neve com os Sete Anões. Ao nível narrativo secundário encontramos uma subtil e breve representação das consequências e obsessões que a importância do aspecto físico produz na nossa sociedade. A Rainha Malvada representa os piores defeitos superficiais da nossa sociedade (narcisismos, inveja, ciúme), que pautam constantemente as interacções humanas e que levam muitas pessoas a cometerem actos inexplicáveis para obterem um aspecto físico invejável ou uma atenção mediática sobrenatural. Como o seu nome tão bem explícita, Branca de Neve representa a pureza da sociedade e a virtuosidade da humanidade, uma concepção tremendamente idealista porque a humanidade nunca conseguirá ser tão pura como a neve branca. Ao contrário da maior parte dos filmes da Disney, “Snow White and the Seven Dwarfs” não aposta muito no romance, limitando-se a incluir essa vertente nos últimos minutos do filme.
A banda sonora que acompanha a história não é tão rica e elaborada como aquelas que pautam alguns dos grandes clássicos musicais da Disney, como “Fantasia” ou “The Lion King”, mas dentro das simples sonoridades que a compõem, encontramos uma canção que conquistou um lugar cativo na história do cinema de animação, a mítica marcha dos anões "Heigh-Ho”. As técnicas de animação utilizadas para dar vida à história, são actualmente tidas como primitivas, mas naquela época revolucionaram o mundo cinematográfico e pautaram um novo caminho para as dezenas de longas-metragens animadas que lhe sucederam. É difícil de acreditar, mas todas as sequências e cenários presentes em “Snow White and the Seven Dwarfs” foram desenhados e pintados à mão por um conjunto de artistas que demorou três anos a completar a produção visual desta história. Este árduo trabalho manual compensou, porque o resultado final surpreendeu tudo e todos com a sua impressionante qualidade e subjectividade. Actualmente, a tecnologia informática domina o sector, mas alguns dos seus principais procedimentos são baseados nos princípios essenciais da animação manual que permitiu a criação dos maiores clássicos da Walt Disney. A primeira longa-metragem de animação da Walt Disney Pictures é vista pela maioria dos historiadores da área cinematográfica, como um marco histórico que revolucionou a 7ª arte e que permitiu o desenvolvimento de novas tecnologias que viriam a diminuir os custos de produção deste tipo de filmes. A magia de “Snow White and the Seven Dwarfs” sobreviveu ao tempo e à evolução, já que actualmente olhamos para este valoroso filme como uma verdadeira obra de arte que iniciou o virtuoso caminho da Walt Disney no imaginativo e lucrativo mundo da animação cinematográfica.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

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2 Comentários

  1. o meu filme favorito da disney!

    excelente crítica

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  2. Só lamento terem abandonado várias ideias que deixariam o filme ainda melhor

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