Crítica - Inkheart (2008)

Realizado por Iain Softley
Com Brendan Fraser, Helen Mirren, Andy Serkis

A trilogia literária “Inkworld” tem alcançado um sucesso moderado junto do público europeu, nomeadamente junto das crianças e adolescentes. “Inkheart”, o primeiro livro dessa mágica saga da autoria da escritora germânica Cornelia Funke, foi lançado em 2003 e recebeu recentemente a sua adaptação cinematográfica através da New Line Cinema. A história do filme centra-se em Mortimer Folchart (Brendan Fraser) e na sua filha de doze anos, Meggie (Eliza Bennett). Ambos partilham uma enorme paixão pelos livros e um extraordinário dom sobrenatural que lhes permite dar vida às personagens das histórias fictícias que lêem, mas em troca desta magia a liberdade de um Humano é sacrificada. Foi exactamente isso que aconteceu a Resa (Sienna Guillory), a esposa de Mortimar e mãe de Meggie que desapareceu há nove anos. Durante uma visita a uma livraria, Mortimer encontra Inkheart, o misterioso livro onde Resa está presa mas o planeamento do seu salvamento é interrompido por Capricorn (Andy Serkis), o vilão dessa história literária que pretende resgatar das páginas do livro, o seu temido aliado Shadow. As duas facções reúnem rapidamente apoios reais e fictícios e uma guerra mágica é desencadeada com o intuito de usar Inkheart.
Estamos perante um filme familiar, que aposta numa narrativa nitidamente infantil que pretende atrair a atenção das crianças com muita magia e fantasia. A história desenvolve-se com alguma simplicidade e nunca entra em campos complexos ou moralmente dúbios. Todas as suas vertentes assentam em valores inofensivos que enaltecem as melhores características da Humanidade. Esta aposta na simplicidade da fantasia resulta muito bem junto das crianças, que têm neste “Inkheart” um filme perfeitamente seguro que contrasta com as várias obras infantis que recentemente têm enveredado por um caminho bélico e violento que negligencia o poder da imaginação do seu público-alvo. Uma audiência mais velha e experiente terá que encarar esta obra com um espírito aberto e imaginativo, porque caso contrário, enfrentará duas horas de profundo aborrecimento e infantilidade.
Esteticamente, “Inkheart” apresenta um nível bastante interessante com muitos efeitos visuais apelativos e um trabalho de caracterização bastante competente. Este trabalho visual recheado de cores alegres e muita imaginação, é acompanhado por um leve conjunto de sonoridades que se misturam na perfeição com a temática mágica da história. A jovem protagonista Eliza Bennett enche o ecrã com uma prestação alegre que contrasta com a performance rígida e apagada do seu experiente co-protagonista Brendan Fraser. A talentosa e oscarizada Helen Mirren apresenta-nos uma prestação secundária bastante segura, e Andy Serkis assume-se como um vilão carismático. Em suma, o elenco apresenta uma prestação geral bastante satisfatória. O cineasta Iain Softley provou com “Inkheart” que uma obra infantil consegue ser bastante apelativa sem apostar na violência ou num visual animado.

Classificação - 3 Estrelas Em 5

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