Crítica - The Unborn (2009)

Realizado por David S. Goyer
Com Odette Yustman, Jane Alexander e Gary Oldman

David S. Goyer foi o argumentista de “Batman Begins” e também um dos génios por detrás da história do recentemente aclamado “The Dark Knight”. Em “The Unborn” assume as rédeas da realização, para além de se encarregar mais uma vez do argumento do filme. Como tal, seria de esperar que este filme tivesse algum pingo de originalidade ou criatividade artística. Pois bem, não tem e é uma pena que assim seja. Inicialmente, quando pela primeira vez vi o poster do filme, verifiquei que o principal enfoque estava direccionado para uma rapariga em trajes menores, o que me levou a concluir que estaríamos perante mais um filme de “terror” para adolescentes com as hormonas aos saltos. Porém, mais tarde verifiquei que o filme estava incluído no Fantasporto com um resumo bastante interessante e apercebi-me que o realizador e argumentista era Goyer. Isto chamou-me a atenção e decidi dar o beneficio da dúvida ao filme. Infelizmente verifiquei que as minhas previsões iniciais estavam correctas e estamos, de facto, perante mais um filme ao qual só os pobres de espírito podem designar de terror.
“The Unborn” conta-nos a história de uma rapariga chamada Casey (Yustman) que começa a ter uns estranhos sonhos com um rapaz assustador. Mais tarde ela descobre que era suposto ter um irmão gémeo, mas que este morreu no útero da mãe, acontecimento que levou esta última à loucura e ao suicídio. Através de experiências bizarras e assustadoras e com a ajuda da sua avó (Alexander) e de um Rabi (Oldman), ela vai compreendendo que a sua vida está em perigo, pois um demónio do folclore judaico – um Dybbuk – tentou possuir o corpo do seu irmão gémeo e está agora a tentar apoderar-se do corpo dela.


A história parece interessante, mas ao longo do filme acaba por se revelar débil e cheia de falhas e buracos. O argumento não é consistente e nunca consegue ser credível, o que leva o espectador a perder-se no meio de tanta reviravolta e/ou factos mal contados ou elaborados. Desta forma, “The Unborn” torna-se enfadonho e simplesmente não consegue funcionar como filme de terror, como thriller, ou como o que quer que seja. Os actores funcionam em "piloto automático" e nunca conseguem fazer com que acreditemos nas suas personagens (principalmente devido ao defeituoso argumento). Essencialmente, o problema deste filme (e de tantos outros) é que tudo acontece como se espera que aconteça. Ou seja, se a personagem precisa de saber mais sobre um fenómeno do oculto, dirige-se à biblioteca mais próxima e encontra logo um exemplar antiquíssimo com tudo muito detalhado; se uma personagem precisa de saber mais sobre o passado da sua família, põe-se a vasculhar os armários da casa e encontra logo uma fotografia comprometedora que desvenda todos os mistérios; etc, etc.
O filme obedece ao tradicional sistema que compõe o actual cinema de terror norte-americano: adolescentes começam a sofrer uma maldição qualquer; começam a investigar; descobrem imediatamente as pistas todas para uma trama mais profunda (mas imbecil); assistimos à tradicional “cena do chuveiro” em que a rapariga mostra as suas curvas; temos o confronto final com a maldição e depois do twist chegamos ao fim sensaborão do filme. É sempre assim. E já cansa. Para além disto, está na moda usarem fantasmas com criancinhas. Pode ter funcionado no Japão mas nunca funcionou nos Estados Unidos e também já chateia. Assim sendo, porquê continuar a insistir em fórmulas que já provaram não funcionar?
O único aspecto positivo do filme está nalguns aspectos técnicos como a caracterização dos fantasmas e a conceptualização de alguns monstros, para além de alguns (poucos) sustos e arrepios bem conseguidos. Mas nada mais funciona e chamar filme de terror a “The Unborn” é como chamar filme de comédia a “Schindler’s List”. Apenas mais um filme de “terror” fracassado produzido nos Estados Unidos da América. Nada mais.


Classificação - 1,5 Estrelas Em 5

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