Crítica - Deception (2008)


Realizado por Marcel Langenegger
Com Ewan McGregor, Hugh Jackman, Michelle Williams

Supostamente, “Deception” deveria estrear hoje nas salas de cinema portuguesas, mas parece que alguém teve o bom senso de adiar ou cancelar tal acontecimento. Esta obra já estreou em Abril de 2008 nos EUA e o seu DVD já se encontra à venda em vários países e talvez esse seja o caminho mais acertado para tão fraco filme. Apelando a um comentário geral, descrevo “Deception” como um thriller ridículo e extremamente previsível. Sinceramente, não consigo encontrar nada de positivo neste filme que nos apresenta uma trama sexista e enaltecedora de um modo de vida reprovável.
O enredo do filme centra-se em Jonathan McQuarry (Ewan McGregor), um pacato e tímido contabilista que, ao realizar uma auditoria numa firma de advogados, conhece o libertino Wyatt Bose (Hugh Jackman) que subitamente se interessa pela sua ridícula vida social. Após uma “acidental” troca de telemóveis entre os dois, Jonathan vê-se envolvido numa espécie de clube privado, onde várias mulheres atraentes se mostram disponíveis para ter relações sexuais com ele. Jonathan, fica rapidamente viciado nos serviços do clube e começa a usá-lo frequentemente, até ao dia em que se encontra com Sunbeam (Michelle Williams), uma mulher mais recatada que as restantes membros do clube, mas que lhe desperta uma grande curiosidade e interesse. Após alguns encontros entre os dois, algo de inesperado acontece e Jonathan vê-se subitamente envolvido, num grande mistério que poderá envolver a morte de Sunbeam. A verdade é que não existe nenhum mistério. Todos os acontecimentos fazem parte dum elaborado embuste que começa a ser claramente delineado nos primeiros cinco minutos do filme, afinal de contas, alguém acredita em coincidências e em almas sexualmente e socialmente caridosas? A trama de “Deception” não convence nem surpreende. Como já referi, toda a história torna-se previsível a partir do momento em que Jonathan conhece Wyatt e uma série de coincidências se abate sobre o protagonista. Esta previsibilidade mata desde logo o suspense e um possível interesse intelectual que poderíamos desenvolver pelo filme. Para além de previsível, o argumento perde demasiado tempo a explicar as regras do clube e a analisar os encontros tórridos de Jonathan.
Ao degradante argumento junta-se uma realização fraca e pudica. Uma história que se foca essencialmente no sexo é normalmente acompanhada por uma realização que tenta explorar ao máximo a nudez e as cenas de sexo, no entanto, tal não acontece em “Deception”, onde os nus são raríssimos e as cenas de êxtase são claramente forçadas e pouco naturais. Desta forma, Marcel Langenegger mostrou-se incompetente a dois níveis. Em primeiro lugar, não conseguiu criar a mínima onda de suspense e em segundo, não conseguiu vender o seu produto através de imagens e cenas explícitas, afinal de contas, há sempre quem procure esse tipo de produto. Foi inclusivamente graças a essa ”estratégia de marketing” que os nossos bem conhecidos “Corrupção” e “O Crime do Padre Amaro” conseguiram liderar as bilheteiras portuguesas.
A participação de vários actores de renome no elenco foi provavelmente a única razão pelo qual este filme não foi parar directamente à distribuição em DVD. Hugh Jackman, o homem mais sexy do planeta (?), tem um papel fundamental na dita história mas a verdade é que a sua personagem não pega como grande vilão. Michelle Williams tem um papel insosso que não produz qualquer tipo de química com o personagem interpretado por Ewan McGregor, um contabilista presumidamente inteligente que não tem capacidade suficiente para ler entre linhas. Sinceramente, espanta-me que “Deception” tenha conseguido sair dos EUA. Acho pouco provável que alguém goste deste filme, ainda para mais quando existem por aí outras opções do género que são muito mais atractivas.

Classificação – 1 Estrela Em 5

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