Crítica - Son of Rambow (2007)

Realizado por Garth Jennings
Com Neil Dudgeon, Bill Milner, Jessica Hynes, Anna Wing

Os espectadores mais distraídos podem ingenuamente pensar que este “Son of Ranbow” é mais um daqueles produtos de Hollywood, que pega num clássico do cinema e confere-lhe um twist completamente inútil e desajustado de forma a obter alguns lucros fáceis. O passado recente está recheado de obras dispensáveis como essas, sendo um dos melhores exemplos “Son of the Mask”, uma obra perfeitamente dispensável que denigre completamente a cómica obra “The Mask”. No entanto, este “Son of Ranbow” está bem longe de ser uma dessas obras, até porque não estamos perante uma obra de Hollywood mas sim perante uma obra inglesa de características independentes, o que desde logo nos diz que este é um filme sem clichés comerciais e sem grandes pretensões lucrativas. A sua história é baseada nas memórias do próprio realizador Garth Jennings e remete o espectador até à distante década de oitenta, onde dois amigos decidem criar uma curta-metragem caseira baseada nos míticos filmes “Rambo”. O papel de realizador é levado a cabo pelo jovem Lee Carter, uma criança criativa que não deixa os seus problemas familiares afectarem a sua mente imaginativa. O protagonista da curta-metragem é o seu melhor amigo Will Proudfoot, um rapaz introvertido que foi criado por uma das famílias mais religiosas da região, mas que se mostra bastante corajoso e intrépido na hora de fazer algumas das cenas mais complicadas do filme. Ao unirem os seus esforços, estes dois rapazes conseguem criar uma fantástica obra cinematográfica que rapidamente se assume como um dos grandes favoritos à conquista do prémio principal de um concurso para jovens talentos. O seu projecto cinematográfico também começa a ser alvo de grande falatório na sua escola e na sua região, algo que catapulta estes dois amigos para um misto de fama e inveja social.
Após a sua desastrosa adaptação cinematográfica da obra literária “The Hitchhiker's Guide to the Galaxy” em 2005, Garth Jennings volta à mó de cima com este primoroso filme que mistura categoricamente a comédia com o dramatismo das situações do dia-a-dia. Atendendo a que estamos perante um filme independente, a realização de Garth Jennings é simples e sem grandes extravagancias, no entanto, a forma como ele elabora e capta certas e determinadas cenas é de tal forma perfeita que certamente criou inveja a alguns cineastas que com o triplo do orçamento não conseguiram criar obras tão perfeitas. A realização pode ser muito boa, mas o argumento é sem dúvida o ponto forte desta obra. “Son of Ranbow” apresenta-nos uma história simples e coesa que nos mostra a magia da infância e da amizade, através da persistência de dois amigos que pretendem homenagear o seu herói com a criação de uma curta-metragem que faça jus à sua fama. Estes dois amigos vêem neste seu projecto, não só uma forma de homenagear o seu herói mas também uma forma de combater os seus problemas pessoais e familiares. Outro grande valor que o argumento enaltece é o poder da amizade, já que à medida que vão desenvolvendo o seu projecto, estas duas crianças vão criando entre si um profundo laço de amizade e entreajuda. Em suma, estamos perante uma história cativante e bastante interessante que se mostra capaz de agradar a todas as pessoas de todas as idades, graças à sua simplicidade e significado.
O elenco deste filme é constituído maioritariamente por crianças e actores sem grande instrução nas artes do espectáculo, algo que ajuda a transmitir um maior sentimento de realidade e criatividade ao filme. Os dois jovens protagonistas, Bill Milner e Will Poulter, brindam-nos com uma performance simples e natural que se enquadra muito bem no espírito das suas personagens. Os restantes actores infantis do elenco também deram excelentes indicações e mostraram grande aptidão para a sétima arte. No fundo, todo o elenco mostrou-se à altura da magnífica realização e do excelente argumento. “Son of Ranbow” é mais um perfeito exemplo de que um grande orçamento não significa um grande filme. O dinheiro não compra a criatividade nem a originalidade e a prová-lo está esta obra europeia independente que, com um baixo orçamento, conseguiu apresentar um filme de grande qualidade e de grande criatividade que assumiu um grande destaque no Festival de Sundance de 2008.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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