Crítica - The Wackness (2008)


Realizado por Jonathan Levine
Com Ben Kingsley, Famke Janssen, Josh Peck, Olivia Thirlby, Mary-Kate Olsen

Esta é uma comédia dramática que mistura harmoniosamente os delírios da juventude com os problemas da velhice, sob um ambiente de drogas e depressão. Esta obra da autoria do realizador/guionista Jonathan Levine retrata, de uma forma leve e perspicaz, os choques emocionais e psicológicos que a realidade tem no carácter de qualquer ser humano, seja ele um adolescente delinquente ou um respeitável cidadão. A história do filme desenvolve-se em Nova York no Verão de 1994, um tempo de mudança na Grande Maçã já que o recentemente eleito Mayor Rudolph Giuliani começou a combater o crime e o ritmo alucinante da famosa metrópole americana. É neste ambiente de mudança radical que encontramos Luke Shapiro (Josh Peck), um jovem traficante de droga que vive um momento emocionalmente crítico e que não pode contar com a ajuda dos seus endividados pais ou dos seus inexistentes amigos. É então que realiza um negócio com o psiquiatra Jeffrey Squires (Ben Kingsley). Este propõem-lhe que comece a pagar as sessões de terapia com erva, uma decisão claramente ilegal mas necessária para ambos, já que este psiquiatra também passa por graves problemas laborais e familiares e vê em Luke uma possível terapia pessoal. Embriagados pelo poder da droga e da mente, estes dois depressivos indivíduos começam a explorar os novos recantos da cidade ao mesmo tempo que desenvolvem um forte laço de amizade, na esperança de combater a depressão e descobrir um novo sentido para a vida.
O argumento explora de forma simples e eficaz os maiores problemas que originam as crises da adolescência e da meia-idade. No caso de Luke, vemos como o seu estado emocional é alterado pelos problemas monetários e relacionais que afectam os seus pais e pelo impulso sexual e solitário que afecta a sua vida pessoal. No caso de Jeffrey, observamos que a sua patente crise de meia-idade é impulsionada pela frustração profissional, etária e matrimonial. Todas estas problemáticas são tratadas de uma forma muito realista e pessoal, sendo bastante claro para o espectador que ambas as personagens tem que lidar com os seus próprios problemas etários e sociais, contudo não o tem que fazer sozinhos e desamparados num ambiente de desespero e tristeza. Através de um ambiente recheado pela cultura urbana e polvilhado por várias situações cómicas, “The Wackness” tenta aprofundar várias questões sociológicas e psicológicas, no entanto, a verdadeira beleza do filme está na forma como este oferece soluções para esses problemas.
Esta obra é também bastante rica em aspectos técnicos de qualidade. A fotografia mostra-nos uma Nova York contemporânea em plena fase de mudança, mas que consegue manter a sua cultura urbana característica. Em termos sonoros, o filme oferece-nos várias batidas e baladas do género Hip-Hop que caracterizam ao máximo o ambiente do filme. O elenco assume na sua generalidade uma boa performance. Josh Peck e Ben Kingsley assinam uma interpretação de qualidade, que condiz com a importância e valor das suas respectivas personagens. Já o elenco secundário tem em Mary-Kate Olsen uma surpresa agradável. “The Wackness” venceu recentemente o ”Audience Award” do Festival de Sundance, uma distinção merecida para uma refrescante comédia dramática que convida à reflexão pessoal do espectador.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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