Crítica - The Taming of the Shrew (1967)

Realizado por Franco Zeffirelli
Com Elizabeth Taylor e Richard Burton

Se Shakespeare tivesse vivido no nosso tempo teria sido um fabuloso cineasta tal é a sua percepção dos cambiantes da alma humana e das subtilezas das relações entre as pessoas. Mas não viveu. Shakespeare foi o dramaturgo e Franco Zeffirelli o realizador que soube, mais que ninguém, transpor as suas obras-primas para a tela sem as desvirtuar ou lhes tirar o esplendor. The Taming of the Shrew é uma das primeiras comédias do dramaturgo isabelino que aborda as relações de poder dentro do casamento. Batista, um importante senhor de Pádua, prometeu não conceder a mão da sua doce filha mais nova enquanto não arranjasse marido para a mais velha, Katharina (Elizabeth Taylor), conhecida pelo seu mau feitio. Petruchio (Richard Burton) ao saber do dote prometido e sem se deixar intimidar pelo carácter da jovem, propõe ao seu pai desposá-la em poucos dias. E, de facto, após um enamoramento e uma lua de mel onde cada um lutou com quantas forças tinha para subjugar o outro, Katharina, de regresso a Pádua, permite que o marido ganhe a aposta que havia feito sobre a sua capacidade de domar a mulher. No entanto, Kate havia apenas encontrado um meio mais subtil de ser ela a dominar a relação.
É uma análise divertida dos jogos de poder que se travam numa relação matrimonial e das poucas obras de Shakespeare a reflectir sobre este tema, já que a maioria das restantes comédias termina com o casamento dos protagonistas. Zeffirelli soube, como nas suas outras recriações do dramaturgo isabelino, recriar com um rigor histórico aliado a um luxo sumptuoso os ambientes retratados bem como o guarda-roupa e adereços inesquecíveis usados por Taylor. O desempenho dos dois actores principais transpõe para o grande ecrã a conturbada relação amorosa que viviam na vida real, e que se traduziu em dois casamentos e dois divórcios, criando uma tensão amorosa aliada a uma luta de personalidades que bem de se adequava ao exigido pelos papéis que lhes couberam.
A meu ver os dois aspectos menos conseguidos do filme são a súbita mudança de atitude de Kate sem o espectador conseguir perceber no trabalho de Taylor qualquer mudança interior da personagem, tornando-se assim esse comportamento inverosímil. Por outro lado, a utilização ao grotesco do humor proposto por Shakespeare retira densidade dramática à obra e empurra-a para o campo da pura comicidade perdendo-se a profundidade da análise psicológica presente na peça original. Este filme está disponível em DVD numa edição Columbia Pictures.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

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