Crítica – Paradise Now (2005)

Realizado por Hany-Abu- Assad
Com Lubna Azabal, Ali Suliman, Kais Nashif

Desde a fundação do Estado de Israel em 1948 e que se desenvolve uma grande tensão entre israelitas e palestinianos na região da antiga Palestina Britânica. Muçulmanos mas economicamente dependentes do Israel, milhares de palestinianos vivem hoje subjugados ao poderio judeu, lutando como podem através de uma guerra militarmente desigual. Em Paradise Now (O Paraíso, Agora), o palestiniano Hany Abu-Assad introduz-nos na lógica que rege um homem-bomba ao logo das suas últimas 24 horas de vida. Sem nunca prescindir do ponto de vista palestiniano do conflito que os opõe aos israelitas, Abu-Assad consegue fazer com que o público goste destes dois suicidas e compreenda que, quando mais nada resta, têm ainda o corpo para lutar contra uma nação que os oprime. O ponto de vista que defende uma resistência não violenta à ocupação israelita está também bem presente na obra através da figura da filha de um líder-mártir da causa palestiana, Suha (Lubna Azabal) que surge como uma figura simpática, inteligente e cativante da simpatia do público. Mas não conseguimos ficar indiferentes ao orgulho nacionalista dos jovens escolhidos como mártires e consequentemente heróis nacionais, Khaled (Ali Suliman) e Said (Kais Nashif), nem aos seus medos e hesitações perante a iminência da morte (que de acordo com os pressupostos muçulmanos os transportaria imediatamente para o paraíso), nem perante a busca um pouco descabida de alvos militares em transportes públicos, nem ainda perante a corbardia de Khaled no momento final, ou a necessidade de Said de vingar a memória do pai, um colaboracionista executado. Muitos são, portanto, os pontos de vista apresentados, todos eles reflexos dos cambiantes da alma humana perante o medo e a revolta.
São notáveis as interpretações dos protagonistas nomeadamente no modo como transmitem a evolução psicológica operada nos dois jovens palestinianos a partir do momento em que sabem que foram escolhidos para mártires. A escolha dos cenários e fotografia são cuidados e contribuem fortemente para a criação de uma tensão que só se distende na luz branca final que encerra o filme. Nomeado para a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro que não chegou a ganhar, Paradise Now é, sem dúvida, um filme que faz pensar.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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2 Comentários

  1. Pedindo antecipadas desculpas pela “invasão” e alguma usurpação de espaço, gostaríamos de deixar o convite para uma visita a este Espaço que irá agitar as águas da Passividade Portuguesa...

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  2. A eterna luta entre Israel e Palestina e seus homens-bomba. Grande filme!

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