Crítica - Hellboy II: The Golden Army (2008)

Realizado por: Guillermo del Toro
Com Ron Perlman, Selma Blair, Doug Jones e Luke Goss


O Melhor do Filme:
Uma direcção artística estonteante e a riqueza dramática do vilão.

O Pior do Filme:
A consistência das personagens por vezes perde-se em prol de um "happy ending" algo infantil.

Fui ver este segundo filme de Hellboy sem ter visto o primeiro, pelo que não sabia muito bem o que esperar. Esperava muita criatividade e fantasia pois claro, não estivéssemos a falar de um filme de Guillermo del Toro, mas não sabia o que esperar da história e das personagens. Tinha o receio de que as personagens fossem algo infantis e sem consistência dramática. Felizmente estava enganado. “Hellboy II – The Golden Army” impressionou-me. E não foi pelos seus efeitos especiais (que, já agora, são óptimos), mas antes por uma realização fantástica de del Toro, uma história bem delineada e contada, e acima de tudo, pela autenticidade e consistência das personagens.
O filme conta-nos a história do Príncipe Nuada, que se exilou com o coração cheio de raiva e revolta após o seu pai ter feito um acordo de paz com a raça humana. Ao longo dos tempos a raça humana foi aniquilando a raça de Nuada e usurpando o território que por selo real dignamente lhes pertence. Para acabar com a chacina, o pai de Nuada (o grande Rei) mandou construir um grande exército dourado de robôs impiedosos e cruéis que rapidamente encheram a Terra com o sangue dos humanos. Chocado com os monstros que havia criado, o Rei acaba com o exército dourado (mantendo os milhares de robôs bem fechados num local recôndito e longínquo) e oferece paz aos humanos. Os humanos aceitam mas Nuada não e após vários anos de exílio e treino árduo, regressa para acordar o grande exército, eliminar a raça humana e recuperar as terras que por direito lhe pertencem, devolvendo a dignidade ao seu povo. Como é óbvio, caberá a Hellboy e aos seus companheiros impedir o príncipe de ter sucesso no seu plano.

Guillermo del Toro é um realizador de imenso talento e génio criativo. A cada filme que faz é notória a evolução na sua capacidade de contar histórias (apesar de obviamente este filme estar longe da qualidade de “El Labirinto del Fauno”, mas também não era esse o seu propósito). A sua imaginação não tem limites e os mundos fantásticos que cria são simplesmente fenomenais, assim como as personagens que habitam o mundo das sombras (destaque para o anjo da morte, que é de cortar a respiração!). A nível técnico o filme é muito bom, com uma direcção artística boa, bons efeitos especiais e uma caracterização fantástica. Porém, o grande trunfo do filme e o que o torna algo de especial é a química existente entre as várias personagens. Ron Perlman é perfeito na encarnação do herói descontraído e confiante e as restantes personagens da equipa contribuem para um filme bem-humorado e que se vê com prazer.
Mas para mim, o grande destaque vai mesmo para a personagem do príncipe Nuada. Neste tipo de filmes é essencial que o vilão da história tenha carisma e uma personalidade forte e demarcada. Por outro lado, as personagens em sofrimento têm sempre uma aura diferente. Nuada não é o simples vilão que quer conquistar o mundo e ter todo o poder para governar a seu bel-prazer. Nuada é um príncipe que despreza os humanos pela sua decadência e falta de princípios (a crítica ao Homem é sublime mas bem vincada e já agora, pertinente!). Nuada quer restabelecer a glória ao seu povo e à sua raça, sofrendo intensamente pelo facto de ter de se rebelar contra o seu pai e a sua irmã gémea. Nuada emana uma luz de honra e sabedoria que apenas se encontra nos melhores “vilões”. Para além disso, Nuada é um grande vilão porque tem estilo e dá uma carga de trabalhos ao herói da fita!
“Hellboy II – The Golden Army” é um filme que agradará a miúdos e graúdos. Porém, os graúdos terão de ter um espírito aberto e gostar minimamente de fantasia. Caso contrário poder-se-ão sentir algo perdidos frente a tamanha balbúrdia de personagens “freaks”. Este filme tem como objectivo entreter e proporcionar aos espectadores uma “boa viagem” cheia de adrenalina por um mundo encantado. Como filme de acção, esse é o seu grande objectivo. E cumpre.
Classificação - 4 Estrelas Em 5

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