Crítica - Get Smart (2008)

Realizado por Peter Segal
Com Steve Carell, Anne Hathaway, Dwayne Johnson, Alan Arkin, Terence Stamp

A falta de ideias é assim. “Get Smart” tornou-se na mais recente série televisiva norte-americana a receber uma adaptação cinematográfica. Esta série da década de sessenta relatava as peripécias de Maxwell Smart (interpretado na altura por Don Adams), um agente de uma Organização Secreta de Espionagem que tinha a árdua tarefa de impedir que o mundo caísse nas mãos dos maus da fita. Esta série, que misturava o humor com acção, foi transmitida durante os anos mais tensos da Guerra Fria, onde a espionagem era um tópico quente e actual e talvez por isso se tenha tornado num sucesso de audiências nos EUA.
O regresso de “Get Smart” marca também o regresso de Maxwell Smart aos ecrãs, agora interpretado pelo actor Steve Carrel. Smart tem como missão contrariar a última tentativa de dominação mundial, perpetrada pelo sindicato do crime conhecido como KAOS. Quando a sede da agência CONTROL é atacada e a identidade dos seus agentes comprometida, o Chefe (Alan Arkin) não tem outra escolha a não ser promover Maxwell Smart, que sempre sonhou trabalhar com o famoso Agente 23 (Dwayne Johnson). No entanto, Smart vai ser parceiro do único agente cuja identidade não foi comprometida: a encantadora mas letal veterana Agente 99 (Anne Hathaway). Com a sua pouca experiência de campo, Smart, armado apenas com alguns "gadgets" e o seu entusiasmo desenfreado, terá de conseguir derrotar a KAOS se quiser salvar o dia e o mundo.
O filme é bastante cómico e, tal como a série original de televisão, constrói uma sátira bem direccionada às verdadeiras agências de espionagem e às obras de entretenimento que abordam esse tema, como é o caso dos filmes de James Bond. Em termos de argumento e desenvolvimento da história, “Get Smart” assemelha-se muito à saga “Austin Powers”, porque nas duas obras encontramo-nos perante dois espiões que parecem não perceber muito do mundo da espionagem mas que, no final, acabam por salvar o dia de uma forma improvável mas cómica. Toda esta ideia do “espião incompetente” nasceu precisamente com a série televisiva “Get Smart”, que pegou num assunto sério e amplamente retratado na vida real pelos média e na vida fictícia pelos filmes “007”, e transformou-o num assunto cómico e descontraído que preencheu o tempo livre de muitos norte-americanos durante a década de 60.
Não se pode dizer que o argumento de “Get Smart” tenha muita lógica, no fundo nunca foi objectivo do filme criar uma obra digna do Óscar de Melhor Argumento. Os únicos verdadeiros objectivos da obra são divertir o público e tentar fazer justiça à fama da série televisiva. Não estamos perante a comédia da década, mas estamos perante uma obra humorística de razoável qualidade que consegue cumprir com os seus principais objectivos. O público certamente sairá satisfeito com as piadas e situações cómicas do filme, que não são exageradas nem descabidas e enquadram-se muito bem na história do filme. Parece-me a mim que a série televisiva tem aqui uma justa e categórica adaptação ao cinema, o mesmo não se pôde dizer de “Bewitched”, outra série dos anos sessenta que em 2005 teve uma fraca adaptação ao grande ecrã. Quanto ao elenco, o destaque vai todo para Steve Carell que nos brinda novamente com um brilhante desempenho numa comédia. É indiscutível o talento e a qualidade deste humorista, que nos últimos tempos já habituou o público à sua pessoa. O elenco secundário também está a um bom nível, destaque para Anne Hathaway que fez um bom trabalho na pele da Agente 99. Estamos perante uma comédia satisfatória que cumpre naquilo que promete, ou seja, muita diversão e boa disposição. A excelente e cómica performance de Steve Carell vale por si só o preço do bilhete, mas o filme tem outros atractivos que vale a pena descobrir, especialmente se forem fãs de comédias.

Classificação - 3 Estrelas Em 5

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