Crítica - Batman Begins (2005)

Realizado por Christopher Nolan
Com Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson, Morgan Freeman, Gary Oldman

Quando foi criado em 1939 por Bob Kane, Batman era visto como um super-herói pouco convencional porque não apresentava super-poderes fantásticos nem aquela alegria e prazer em defender a justiça, era um herói que se refugiava nas sombras e tal como os morcegos preferia actuar de noite. Esta visão mais escura foi-se perdendo à medida que o herói era comercializado pela televisão e pelos mídia, como é notório no filme de 1966. Em 1989 Tim Burton utilizou o seu génio obscuro para devolver a Batman a sua identidade inicial, no entanto, apenas os dois projectos do realizador “Batman” (1989) e “Batman Returns” (1992) seguiram por um caminho que respeitou a verdadeira natureza do cavaleiro negro, já que os dois filmes seguintes voltaram a cair no erro de fantasiar e colorir Batman. 2005 marcou o regresso em grande do Homem Morcego pelas mãos de Christopher Nolan, que nos presenteou com um filme bem à medida dos primórdios de Batman, sem esquecer a contribuição dada por Burton. O franchise em torno deste super-herói renasceu, catapultando-o novamente para a lista de personagens de ficção mais rentáveis do cinema.


Em “Batman Begins” exploramos as origens do lendário Cavaleiro das Trevas. Após o assassinato dos seus pais, o jovem herdeiro Bruce Wayne (Christian Bale) abandona uma vida de luxo e privilégio e parte numa jornada pelo mundo em busca dos meios para combater a injustiça e transformar o medo numa arma contra os predadores que o utilizam contra os inocentes. Com a ajuda do seu fiel mordomo Alfred (Michael Caine), do polícia Jim Gordon (Gary Oldman) e do seu aliado Lucius Fox (Morgan Freeman), Wayne regressa a Gotham e liberta o seu alter-ego: Batman, o vingador mascarado que utiliza a sua inteligência, proeza física e um arsenal de alta tecnologia para combater as forças sinistras que ameaçam apoderar-se da sua cidade.
Como já referi, Christopher Nolan voltou a retratar Batman como o super-heroi que combate o crime na escuridão, longe de olhares indiscretos e afastado dos holofotes da fama. Bruce Wayne é retratado como sendo um jovem revoltado pela perda prematura dos pais às mãos de um criminoso como muitos que abundam em Gotham. Em “Batman Begins” ficamos a compreender melhor a dor e frustração desta personagem que podia ter tudo mas que preferiu lutar contra o crime de noite, enquanto que de dia se mascara de um bilionário pretensioso. Nesta aventura ficamos a compreender melhor a mente de Batman e como é que ele chegou onde chegou. É certo que no inicio o filme pode-se tornar um pouco aborrecido, já que as cenas de acção são bastante escassas e o argumento gira em torno da infância e do passado de Wayne, um déjà-vu dramático e introspectivo necessário para a construção de uma saga decente. É também curioso saber como é que apareceu a Batcave ou como apareceram as opções de design do fato, entre outras pequenas curiosidades que se mostram bastante apelativas e interessantes para quem nunca leu ou viu a banda desenhada ou os desenhos animados Em termos visuais o filme está muito bem conseguido. O visual misterioso e intenso da banda desenhada e dos filmes de Burton é repescado, sendo alvo de melhoramentos tecnológicos que só o século XXI poderia fornecer. Nolan foi sábio ao manter a obscuridade do filme do principio ao fim, é por isso que os principais momentos do filme se passam de noite como é o caso de maior parte das cenas de acção e os desenvolvimentos mais cruciais da história.


Um aspecto onde Nolan conseguiu superar Tim Burton foi nas sequências de acção. Um dos grandes “defeitos” dos filmes de 89 e 92 de Burton é que estes se focavam demasiado nas personagens esquecendo as tão importantes e características cenas de acção. Nolan não se descuidou em nenhum desses aspectos, assim sendo, a uma hábil e completa construção e desenvolvimento de personagens, juntou cenas de acção nocturnas recheadas de adrenalina e filmadas através de ângulos muito bem trabalhados, estas lutas foram muito bem coreografadas revelando o que de tão especial existe em Batman, ou seja, a sua utilização de tecnologia avançada. “Batman Begins” apresenta-nos também um novo actor na pele de Batman, assim sendo, depois de Adam West, Michael Keaton, Val Kilmer e George Clooney, chegou a vez de Christian Bale interpretar o mítico herói e fá-lo de uma forma convincente e excepcional. Arrisco-me a dizer que a sua interpretação de Batman é a melhor de sempre, superando por uma larga margem a de Michael Keaton nos filmes Batman de 89 e 92. Bale tem o carisma, o talento e a personalidade ideal para encarnar um herói de difícil abordagem como Batman. Vê-se apoiado no filme por grandes actores como Michael Caine e Morgan Freeman que completam a performance do actor e oferecem ao filme mais experiência e talento. Dos bons da fira, apenas Katie Holmes é uma desilusão, a sua personagem oferece os momentos românticos do filme mas infelizmente Holmes e Bale não demonstram grande química fazendo com que esse ângulo seja um dos poucos que não resulta. O principal vilão do filme é Ra's Al Ghul, bem interpretado pelo experiente Liam Neeson, que apesar de não ter o mesmo carisma maléfico e psicopata de outros míticos vilões de Batman, não deixa de ser um justo adversário para Batman já que foi ele que lhe ensinou como combater da forma mais eficaz o crime em Gotham, temos portanto uma batalha repleta de emoções e sentimentalismos que só a tornam mais forte e interessante. Existem outros dois vilões secundários, o mafioso Carmine Falcone (Tom Wilkinson) e o Espantalho (Cillian Murphy) que completam bem o role de maldade do filme. Em suma, “Batman Begins” é um bom filme de acção/aventura que devolve a Batman a glória perdida no passado. Um bom início de uma saga que a manter este nível será sem dúvida inesquecível. Venha daí “The Dark Knight”.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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4 Comentários

  1. Concordo totalmente com o comentário, acho o argumento até superior ao batman de 2008 e a forma como Cristopher Nolan conseguiu ressuscitar o Batman depois de Schumacher quase o ter enterrado é brilhante, com uma história muito coerente a explicar a origem do batman, dos seus amigos e dos seus equipamentos.
    O único ponto fraco é a katie holmes,bastante inferior à maggie e nenhuns dos vilões deste filme se consegue aproximar do heath ledger do filme de 2008. Mesmo assim só a actuação de katie homes parece uns furos abaixo...
    Mesmo assim daria 4.2 pela coragem de recuperar o mito batman tão bem como cristopher nolan fez.

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  2. legalá historia do batman

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  3. aqui não tem oque eu procuro

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  4. Bom, Adam West não convenceu nem pelo físico, nem pela atuação, nem pelo figurino (apesar de que verdade seja dita, o Batman interpretado por ele era só uma sátira ou paródia).

    Michael Keaton só convenceu pela atuação e Val Kilmer e George Clooney só convenceram pelo físico (apesar de que Keaton foi uma escolha equivocada e quanto aos outros dois, não pegaram um diretor bom o bastante para o Batman).

    Ou seja: no fim das contas, Bale foi o melhor de todos!

    Na verdade, os outros quatro são todos excelentes e geniais atores de maneira geral, mas como Batman, não convenceram o suficiente...

    A propósito, passem depois em meu principal "fotolog", relacionado ao material artístico que produzo: http://flogvip.net/alberteeinsteinecia.

    Então, abração e até mais!

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