Crítica - 21 (2008)


Realizado por Robert Luketic
Com Jim Sturgess, Kevin Spacey, Kate Bosworth, Aaron Yoo

Baseado no famoso livro “Bringing Down the House: The Inside Story of Six M.I.T. Students Who Took Vegas for Millions”, de Ben Mezrich, “21” é um filme que retrata o luxuoso mundo do jogo de Las Vegas, explicando como é que é possível alguém enganar o engenhoso sistema lá montado. Uma obra que, apesar de medíocre, conseguiu estar duas semanas seguidas no topo do Box-Office Americano. A história do filme centra-se em Ben Campbell (Jim Sturgess), um tímido mas brilhante estudante do MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts). O seu único problema é não ter dinheiro para pagar as propinas escolares , mas a solução está onde ele menos esperava: nas cartas. Ele é recrutado para integrar o grupo dos mais talentosos estudantes da escola que todos os fins-de-semana vão a Las Vegas com falsas identidades e que, com as suas mentes brilhantes, são capazes de aumentar em grande escala as probabilidades de ganhar no Blackjack. Além disto, ainda contam com o seu professor de matemática (e génio da estatística) Micky Rosa (Kevin Spacey) como líder. A contagem das cartas e um muito bem definido esquema de sinais permitem à equipa vencer nos grandes casinos. Seduzido pelo dinheiro e pelo estilo de vida de Vegas e pela sua inteligente e sexy amiga, Jill Taylor (Kate Bosworth), Ben começa a ir até ao limite. Apesar da contagem de cartas não ser ilegal, o risco é cada vez mais elevado e o grande desafio prende-se agora com, não só manter a contagem correcta, mas também enganar o chefe de segurança dos casinos, Cole Williams (Laurence Fishburne).
Robert Luketic (Legally Blonde, Monster in Law) tem com “21” o seu primeiro grande trabalho como realizador, pelo menos o mais sério, o que não é difícil de comprovar atendendo aos seus trabalhos passados. Contudo, apesar de ter tido um projecto mais sério e mais estimulante entre mãos, não se conseguiu distanciar da realização puramente comercial que tinha efectuado até então. Efectua um trabalho muito pouco ambicioso e demasiado cinzento que contrasta com a capacidade criativa da ideia original, assim sendo, com um pouco mais de aprofundamento e com um maior cuidado no tratamento da história talvez o resultado final tivesse sido diferente. Peter Steinfeld e Allan Loeb, a dupla responsável pela construção do argumento, também não souberam aproveitar a ideia original oferecida pelo livro de Ben Mezrich. Conseguiram explicar muito bem todo o jogo matemático utilizado, mas falharam na construção da história que se apresenta muito confusa e difícil de acreditar, apesar de ser realmente baseada em factos reais. A história desenvolve-se de uma forma lenta, nunca chegando a alcançar um grande interesse por parte de quem a está a ver. As cenas sucedem-se de uma forma pouco cuidada e atrapalhada que prejudica o desenlace da história. O filme torna-se previsível, monótono e aborrecido. A temática do jogo é sempre interessante, contendo muitos aspectos obscuros que poderiam atiçar facilmente a curiosidade do espectador. “21” limita-se ao mais básico e ao mais falado, teria sido interessante explorar outras vias que raramente são abordadas em outros filmes ou séries televisivas. Não li o livro de Mezrich, apenas li alguns comentários de pessoas que já o leram, contudo fiquei com a ideia que o livro entra por caminhos mais ambiciosos e mediáticos do que o abordado no filme. Talvez a natureza demasiado comercial do filme impediu abordagens mais complexas mas fiquei com a sensação de que poderia ter sido oferecido mais ao público.
Kevin Spacey é a grande figura do elenco. Spacey é um actor muito profissional e com um grande carisma e, portanto, o papel de mentor assenta-lhe muito bem. Fez o seu trabalho muito bem, não deslumbrou devido à fraca construção do seu personagem, mas ofereceu ao filme um pouco mais de classe. Kate Bosworth, outra cara conhecida de Hollywood, tem um papel superficial e oco que aproveita unicamente o aspecto físico da actriz. Jim Strugess é a cara principal do filme, uma jovem estrela que fez o que tinha a fazer. Só mesmo o elenco salva “21”, porque com uma realização fraca e um argumento pouco ambicioso, esta obra acaba por nos oferecer um entretenimento de fraca qualidade que só deverá agradar aos fanáticos de jogos de cartas. Séries televisivas como “CSI” e “Las Vegas” já apresentaram, em apenas quarenta minutos, histórias mais ambiciosas e interessantes do que “21” apresenta em duas horas.

Classificação - 2 Estrelas Em 5

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1 Comentários

  1. Senti uma invejinha do Robert na crítica. Newton teria se saído melhor

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